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18/09/2019     nenhum comentário

SPDM em Praia Grande: menina de 13 anos morreu sem diagnóstico e família acusa Hospital Irmã Dulce de negligência

À imprensa direção da unidade descarta erro e afirma que prestou toda assistência necessária à adolescente

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Infelizmente, mais um caso de óbito envolto em suspeitas de erro e negligência hospitalar engrossa as estatísticas de mortalidade em unidades de saúde terceirizadas na Baixada Santista.

E, mais uma vez, a vítima é uma adolescente, de apenas 13 anos, chamada Paloma da Silva. Conforme contam os familiares, a garota morreu após passar uma semana internada no Hospital Irmã Dulce em Praia Grande. O Hospital faz parte do Complexo Hospitalar, que inclui também PS, UPA Samambaia e Nefro-PG. Todas essas unidades são gerenciadas pela organização social SPDM.

A paciente foi à óbito nesta terça-feita (17), sem diagnóstico. Ela foi levada para o hospital na terça-feira anterior, dia 10, com dores intestinais. Ao ser internada, os médicos avisaram a família da adolescente de que teriam que fazer uma cirurgia para descobrir o que ela tinha, mas suspeitavam de uma infecção no intestino.

Veja o que declarou ao site G1 a irmã da jovem, Letícia da Silva Muniz: “Eles fizeram a cirurgia, abriram ela e dias depois continuamos sem saber o porquê das dores. Não falaram nada. Quando ela foi para o quarto, já falaram em apendicite. Depois da cirurgia, ela passou a semana inteira reclamando de dores”.

Ainda segundo os parentes, a despeito das reclamações de dores que afligiam a todos, a equipe do hospital não teria tomado providência. “De segunda para terça-feira, chamei um médico, pois começou a sair sujeira da sonda que eles colocaram no nariz dela. Saíram seis sacos de sujeira, foi horrível. Falei pra ele que não era normal”.

Letícia ainda conta que após este episódio, a equipe médica pediu que Paloma fosse transferida imediatamente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não tinha vaga no mesmo hospital. Então, a paciente foi levada para a ala de emergência e, poucas horas depois, a família foi informada da morte.

“Depois que ela foi pra emergência não me deixaram mais ficar com ela. Eles disseram que ela teve uma parada cardíaca e não aguentou. Mas, afinal, minha irmã teve o quê? Falaram em infecção, apendicite, câncer, até tuberculose. Por que fizeram uma cirurgia no intestino?”, pergunta a jovem.

As interrogações ainda não foram respondidas, já que conforme os médicos informaram à família, uma biopsia foi feita antes da morte da menina, mas o resultado demorar cerca de um mês para ser divulgado. “No dia que me falaram eu ainda disse ‘vão esperar minha irmã morrer para descobrir o que ela tem?’. Não deu outra, ela morreu”.

O que diz o hospital
A direção do Irmã Dulce  se pronunciou por meio de nota. O texto informa que a paciente foi recebida em estado grave com “quadro de abdome agudo obstrutivo grave”, foi submetida à cirurgia e passou por exames.

Teve início então o processo de investigação diagnóstica, para averiguar a causa do surgimento de tais complicações, com coleta de exames e permanente monitoramento da evolução clínica da paciente. A definição diagnóstica ainda dependia da chegada dos resultados de tais exames, que encontram-se em seu prazo de realização.

Apesar da melhora progressiva registrada no período pós-operatório, de todo empenho do corpo clínico e dos recursos disponibilizados, a paciente apresentou uma piora clinica súbita, não resistindo à evolução de sua grave condição. Após a morte, o caso foi para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO).

“Importante salientar que a paciente sempre recebeu todo o atendimento necessário ao caso, sua família foi permanentemente orientada quanto à gravidade de seu quadro de saúde e sobre a investigação diagnóstica em andamento. A diretoria do hospital se solidariza com a perda”, diz ainda a nota.

SPDM na Zona Noroeste

A organização social SPDM é a responsável pela gestão do Hospital de Praia Grande e também atua no comando da UPA da Zona Noroeste de Santos. Naquela unidade o grau de insatisfação dos usuários é alto. Além da demora para atendimento, os pacientes reclamam a baixa resolutividade nos atendimentos. Muitas pessoas que passam pelo serviço saem de lá com seus problemas de saúde no mesmo estágio ou em estágio mais grave.

A unidade também foi destaque na imprensa logo após a inauguração e inicio dos trabalhos da SPDM, quando uma idosa faleceu enquanto aguardava ser chamada para consulta. Ela chegou com dores características de quadro cardíaco, mas não seu estado não foi levado em consideração. Ela não foi encaminhada para emergência e acabou não resistindo. A família também acusa a gestora de negligência. O site G1 também repercutiu o caso. Veja aqui.

Terceirização mata e é mais cara 

Temos mostrado com fatos e dados, que terceirizar os serviços públicos é uma aposta das administrações em tratar a saúde como meio de geração de lucro para grupos empresariais que não tem compromisso com serviço público de qualidade.

Foram muitos os casos, mas um dos que geraram maior comoção foi o do menino Lucca Morroni, também com 13 anos, que faleceu na UPA Central. Ele deu entrada na unidade de ambulância, com fortes dores abdominais, febre alta e sem conseguir andar. Mas foi direcionado para o setor de triagem, como se seu caso fosse de baixa prioridade. O exame de sangue, depois de ser extraviado, demorou 8 horas para ficar pronto. O menino teve que aguardar em uma cadeira de rodas. Quando os resultados vieram com indicadores demonstrando a gravidade do caso, a equipe o transferiu para a emergência rapidamente. No entanto, Lucca não resistiu faleceu cerca de 12 horas depois.  A família até hoje espera por respostas e está processando a Prefeitura e a Organização Social FUABC por negligência. Mais detalhes aqui.

Pesquisas mostram que onde as OSs são instaladas, os custos aumentam e a qualidade cai. Além disso, a taxa de mortalidade é maior em hospitais públicos administrados por estas entidades privadas, quando se compara com hospitais públicos administrados de forma direta por estados ou municípios.

Veja abaixo alguns destes estudos, clicando nos respectivos links:

7 em cada 10 denúncias médicas em SP envolvem Organizações Sociais de Saúde

Estudo do TCE mostra que taxa de mortalidade é maior em hospitais OS do que hospitais da administração direta (ver página 82)

Hospitais terceirizados gastam 2,4 vezes mais do que se fossem geridos pelo poder público

Estudo acadêmico mostra que hospitais geridos por OSs recebem mais e atendem menos 

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