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26/08/2019     nenhum comentário

Sete de cada dez leitos bloqueados do Rio estão em hospitais terceirizados para OSs

Enquanto isso, até três pessoas morrem por noite à espera de transferências para leitos em UTI

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De acordo com levantamento publicado no Jornal Extra, 72% dos leitos hospitalares de UTI bloqueados e que poderiam estar salvando vidas no estado do Rio de Janeiro ficam em hospitais estratégicos, gerenciados por organizações sociais.

Detentoras de contratos com valores elevadíssimos, as OSs inutilizam essas vagas hospitalares e levam a sobrecarga aos equipamentos geridos pelas administrações diretas, já bastante sucateados.

O jornal explica que dos 60 leitos inativos, 47 estão nos hospitais terceirizados. A situação acaba gerando um círculo vicioso porque cada vez mais faltam recursos para honrar os repasses devidos às OSs, que também deixam de realizar atendimentos e serviços, restringindo o acesso da população. Ao mesmo tempo, a sangria com os recursos da saúde faz faltar ainda mais materiais e insumos nos hospitais públicos historicamente atingidos pelo subfinanciamento do SUS.

Outro efeito colateral deste modelo de gestão calcado na terceirização cara e ineficiente da assistência hospitalar atinge os trabalhadores das OSs, que via de regra acabam sendo penalizados com atraso nos salários e nos pagamentos de direitos trabalhistas.

São destaque da reportagem as OSs SPDM e Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, ambas com histórico bastante conturbado por conta denúncias e investigações sobre desvios de recursos e má prestação dos serviços.

Para ler a reportagem do Extra direto na página do veículo, clique aqui. Abaixo reproduzimos a matéria:

Rio tem 60 leitos de UTI bloqueados na rede pública e 192 pacientes na fila

Com 60 leitos de UTI bloqueados na rede pública do Rio — 43 em unidades da prefeitura e 17 em hospitais federais — a espera por um tratamento adequado se torna ainda mais cruel para as 192 pessoas que aguardavam, nesta sexta-feira, por uma vaga de terapia intensiva no Sistema Estadual de Regulação, que gere os leitos das unidades de saúde municipais, estadual e federal.

Na última quinta-feira, Vilma Graça, de 72 anos, morreu horas após conseguir uma transferência para a UTI do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. Apesar de uma decisão judicial determinar a internação imediata, ela aguardou por cinco dias na sala vermelha da UPA de Rocha Miranda.

Horas antes da morte de Vilma, outra idosa, Maria de Fátima Canova, de 68 anos, que tinha três liminares determinando seu encaminhamento para um CTI, faleceu na Coordenação de Emergência Regional (CER) no Centro. A aposentada começou a obter as decisões no dia 16, mas elas não foram cumpridas.

Vilma Graça e Maria de Fátima morreram após transferência por dias, mesmo com decisão judicial 

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Um levantamento da Defensoria Pública do Estado do Rio mostrou que até três pessoas morrem por noite à espera de transferência para leito em UTI. Os dados foram obtidos com base nos casos atendidos pelos defensores públicos no Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça.

Segundo o Sistema Estadual de Regulação (SER), 23 dos 35 leitos de UTI da CER Leblon, estavam bloqueados nesta sexta-feira. Havia ainda um livre. A unidade funciona ao lado do Hospital Municipal Miguel Couto e é administrada pela organização social (OS) SPDM. Em julho, o EXTRA revelou que profissionais de saúde da UTI da CER estavam usando sacos de lixo por cima da roupa hospitalar, por falta de capote, um jaleco descartável que deve ser vestido toda vez que se manipula um paciente.

Já no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, gerido pela OS Cruz Vermelha Brasileira do Rio Grande do Sul, 20 dos 60 leitos de UTI estão bloqueados há pelo menos dois anos. Dois estavam livres.

Na rede federal, os leitos bloqueados estão nos hospitais do Andaraí (cinco há mais de cinco dias), Servidores (cinco), Lagoa (um), Bonsucesso (dois) e Ipanema (quatro).

— Esses leitos são bloqueados por falta de profissionais de saúde ou de material. Nesta quarta-feira, estive no Miguel Couto e verificamos a sala amarela lotada e três pacientes em respiradores na sala vermelha. Esses pacientes deveriam estar num CTI, mas os oito leitos de terapia intensiva da unidade já estavam ocupados — disse o vereador Paulo Pinheiro, que integra a Comissão de Saúde da Câmara municipal.

Segundo ele, em audiência pública que aconteceu esta semana, a Secretaria municipal de Saúde realizou uma prestação de contas e foi possível verificar que a pasta não terá recursos suficientes para chegar ao fim deste ano:

— Ficamos na mesma encruzilhada de sempre. A Secretaria municipal de Saúde não terá verba para os últimos três meses do ano, começam a atrasar os pagamentos para funcionários das organizações sociais e falta dinheiro para comprar materiais e insumos.

A Secretaria municipal de Saúde informou que trabalha para regularizar serviços e repasses do CER Leblon. Sobre o Albert Schweitzer, afirmou que os repasses estão em dia, “respeitando as prestações de contas e com os devidos descontos por serviços não oferecidos”.

O Ministério da Saúde informou que “a maioria dos leitos bloqueados estava reservada para pós-operatório”. No Hospital de Bonsucesso, pontuou, um leito fica bloqueado para receber gestante de alto risco, o outro seria ocupado por paciente em cirurgia.

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