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07/02/2018     nenhum comentário

Secretário de Saúde de Santos falta com a verdade na imprensa

Fábio Ferraz diz que os médicos concursados da rede faltam ao serviço, mas omite os desfalques nas equipes da UPA comandada pela Fundação do ABC, OS que recebe R$ 22 milhões da Prefeitura e é campeã de reclamações.

Não é à toa que o secretário de Saúde de Santos, o advogado Fábio Ferraz, ocupa uma cadeira no governo do prefeito apelidado pelos santistas de Paulo Pinóquio. Ferraz não perde oportunidade de faltar com a verdade quando o assunto é sucateamento de unidades X terceirização da saúde.

No jornal A Tribuna desta quarta-feira (7), em uma matéria sobre os problemas enfrentados pela população que busca atendimento na rede municipal, Ferraz faz questão de tentar se defender das queixas dos munícipes jogando uma cortina de fumaça no cerne da questão. Além de não explicar porque há tanto problema no agendamento de consultas nas policlínicas e péssimas condições de trabalho nas unidades, Ferraz faz um comparativo infeliz entre o PS da Zona Noroeste e as unidades terceirizadas por Organizações Sociais, como a UPA Central.

O secretário sugere que os médicos concursados da rede faltam ao serviço, enquanto que nas equipes das unidades terceirizadas não há desfalques de profissionais. Claro que há no discurso do advogado um posicionamento ideológico em defesa das OSs, já que a empreitada do governo tucano agora é convencer a população em a aceitar a terceirização da futura UPA da ZN.

O problema é que ao dizer que na UPA as equipes estão sempre completas o fiel escudeiro do prefeito subestima a inteligência dos santistas. Pelo menos daqueles que costumam buscar atendimento na unidade da Vila Mathias e diariamente enfrentam longa espera para consulta, tomar medicação e fazer exames simples.

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Nós, do Ataque aos Cofres Públicos, que estamos semanalmente na unidade, constatamos que além da falta de remédios, insumos, equipamentos e de estrutura, faltam recursos humanos. Ora é o ortopedista que some, ora é o radiologista que sai do setor e não é substituído. Também observamos que a quantidade de clínicos gerais é insuficiente para a quantidade de pacientes. E quase sempre o déficit de pessoal na enfermagem gera filas intermináveis na sala de medicação e coleta de sangue.

Abaixo alguns relatos coletados na UPA no último dia 2. As descrições desmentem categoriacamente o secretário de Saúde:

“Meu colega teve o dedo prensado e rasgado enquanto estava trabalhando no cais. Viemos para UPA depois de esperar uma hora por uma ambulância. Após mais espera na unidade, ele passou pelo médico e foi encaminhado para Raio X. Ao chegar lá, por volta de 12h30, a porta estava fechada. Informaram que o técnico tinha ido almoçar e a radiologia só voltaria às 13h10. Não colocaram ninguém no lugar. Meu colega e outros ficaram lá esperando com dores, pois o medicamento só seria dado depois do exame, já que o médico precisava ver se fraturou antes de dar os pontos. Parece que pra economizar eles colocam menos gente trabalhando e deixam a população a ver navios. O dinheiro tá vindo pra UPA. Onde eles estão colocando? No bolso deles, enquanto a população fica aí sofrendo? Fecharam o PS falando que ia melhorar e não aconteceu isso”.

Anacleto Luiz da Silva, estivador.

 

“Dia 24, fui acompanhar uma amiga que estava em crise diabética. Ela foi tomar medicação e eu também acabei passando mal. Resolvi ir para a sala de medicação e pedi para que medissem minha pressão. Viram que eu estava ruim, mas me mandaram fazer a ficha. Eu disse que não aguentava nem ficar em pé. Vomitei ali mesmo e desfaleci. Me ampararam e voltaram a falar que eu tinha que fazer ficha. Não fui porque continuei mal. Só então me colocaram numa maca. Depois de uma hora consegui ir fazer a tal ficha. Peguei a senha do prioritário e esperei mais duas horas sem ser chamada. Desistir de esperar e fui embora. As pessoas não têm atenção, não são cuidadas decentemente”.

Fátima Vilardi Gonçalves, dona de casa

 

“Estou desde dezembro com problema sério no dente. Já tentei resolver na policlínica do São Bento, onde eu moro, mas não tem material para extrair. Quando eu tenho dor, procuro a UPA, que só dá remédio pra dor e manda embora, dizendo que tenho que tratar na policlínica. Na UPA também falam que não tem material para esterilizar e que só podem aliviar a dor. De dezembro pra cá já vim umas cinco vezes. Estou há dois meses sofrendo. Tem vezes que venho duas vezes na semana. Da última vez, me prometeram que hoje (2/2) arrancariam o dente. Mas não tinha material. Cada dia falam uma coisa”.

Gilvan Santos Oliveira, motorista

 

“Minha mãe está com dores fortes e não tem medicamento nenhum. Eles ficam mandando ela pra outros lugares onde também não tem também. Aqui na UPA ela tomou remédios via injeção, mas continua mal. Dos oito comprimidos receitados não tinha nem um na farmácia”.

Abel Damaceno, porteiro

 

“No dia 27 eu cheguei aqui na parte da manhã com a minha mãe, com muitas dores e suspeita de crise no nervo ciático. O atendimento foi péssimo. Só tinha uma enfermeira pra muitos doentes. Teve até paciente que passou mal com suspeita de infarto e só uma enfermeira pra dar conta. Tá um absurdo. Tem que melhorar 100%. Chegamos aqui às 7h05. Saímos quase 4 horas da tarde. Um absurdo”.

Tatiane Farias Sousa de Oliveira, balconista

 

“Fui acidentado no trabalho e cheguei de SAMU, mas não tinha cadeira de rodas. Fiquei um tempão na ambulância esperando pra poder entrar. Só liberou uma cadeira porque um acompanhante viu que eu estava pulando de um lado pra outro e cedeu a que o seu parente estava usando. O atendimento, a coordenação, a conduta dos trabalhadores aí dentro não estão certas. O ortopedista atende, dá uma ficha e fala pra fazer Raio X e tomar medicação. Mas não te falam onde é a sala. Não orientam nada. Aí a gente pega a fila e só depois de meia hora vem alguém dizer que tem uma senha, que tem um painel. Se a empresa recebe uma fortuna da Prefeitura tinha que ter no mínimo cadeiras”.

Wellington José Galvão de Jesus

 

“Ontem (1/2) cheguei aqui faltando oito minutos pras duas da tarde. A triagem é demorada demais. Só havia uma pessoa pra atender crianças, idosos, grávidas e adultos. Deu 16h25 e ainda estava aguardando. Saí quase cinco da tarde. Não vejo melhoria após a inauguração. Retornei hoje (2/2) com a minha esposa, que é gestante e machucou o pé. Chegamos 10h26. Agora é meio-dia e nada. Só tem um ortopedista, mas ele acabou de sair da sala. Pra onde foi? Foi tomar café, foi almoçar? Não tem outro ortopedista pra atender? Ninguém explica. Ele trancou a porta da sala e saiu. Estamos esperando a boa vontade. Queria que o prefeito Paulo Barbosa passasse a mulher e o filho dele nesse atendimento, só pra ver como funciona. Colocaram um órgão privado tomando conta de um órgão público dizendo que seria melhor. Então por que tá assim?

Diego Ramos de Sousa, balconista

 

Veja abaixo a matéria complementar, também publicada em A Tribuna (7/2), que fala da terceirização da UPA da ZN:

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