Rotina da UPA terceirizada oprime quem precisa de cuidado

Com o aditamento contratual e elevação do valor dos repasses, a organização social Fundação do ABC (FUABC) segue colecionando queixas e denúncias sobre o atendimento executado por ela na UPA Central de Santos.

Por sua vez, a Prefeitura se faz de surda e ignora a insatisfação popular. Ainda tem a desfaçatez de confirmar mais uma vez na imprensa local a adoção do mesmo modelo de gestão terceirizada para as duas futuras UPAs a serem inauguradas no ano que vem.

O Ataque aos Cofres Públicos continua dando voz aos usuários. No último dia 17, flagramos a revolta de familiares do menino Lucca por uma suposta negligência. A criança faleceu 22 horas depois de dar entrada na UPA.

Naquele mesmo dia conversamos com diversas outras pessoas, também indignadas com a precariedade do atendimento. Uma delas foi a dona de casa Adriane, que pediu para não ter o sobrenome revelado.

Ela ficou bastante aborrecida com o tratamento dado à sua mãe, uma idosa, com quadro de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). “Não tinha fita glicêmica, não tinha máscara para inalação, não tinha dipirona. Apenas duas enfermeiras para fazer diversos procedimentos como sutura, coleta, administrar remédios entre outras coisas. São poucos funcionários. Tudo muito difícil”, resumiu.

Outra munícipe, Kátia Hartman, sentiu carências parecidas, ao acompanhar o sogro. “Não funciona. Ele ficou cinco dias com dores abdominais e diarreia. Mas na UPA não resolveu o problema. Não foi encaminhado para o soro, para tomar antibióticos. Não teve um diagnóstico”.

A recepcionista Katia Regina de Lima estava indignada e resumiu a UPA como algo falso e perigoso também para os cofres públicos. “A informação que eu tive foi que a entidade contratada ganha um ‘x’ e ao invés de colocar mais profissionais, coloca menos para ganhar mais. O atendimento na Santa Casa não era 100%, mas era melhor do que esse. Os profissionais lá examinavam. Demorava, mas não como aqui, onde eles sequer tocam na gente”.

Para Kátia alguém está ganhando com a situação e não são os pacientes. “A terceirizada tá ganhando dinheiro da Prefeitura. Foi um grande erro que a Prefeitura fez. A UPA é bonitinha? É. É confortável? Não é. Resolve? Não resolve. Mas assim eles vão ganhando dinheiro em cima das consultas e a gente perdendo tempo. Ao mesmo tempo, muita gente morrendo”.