Quem é o empresário de OS preso no Rio, beneficiado por vários aditivos contratuais
Contratos realizados com a Prefeitura de Eduardo Paes encareceram 87%, passando de R$ 120 milhões para R$ 225 milhões.
Noticiamos dias atrás que uma operação no Rio, que investiga desvios de recursos por meio de contratos com empresas e Organizações Sociais da Saúde, prendeu duas pessoas ligadas à Fundação Bio-Rio.
Os presos pela Polícia Civil e pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado do MP-RJ Luiz Eduardo Cruz e Simone Cruz. O casal estava em uma casa de luxo da Barra da Tijuca. Pesa contra ambos a denúncia de terem embolsado irregularmente R$ 6 milhões do total repassado pela prefeitura carioca.
De acordo com a investigação, a Bio-Rio, um pólo de empresa de biotecnologia que recebe verbas para formação de médico, teria feito seis convênios com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, entre 2014 e 2016, para a realização de cursos de pós-graduação para médicos da secretaria.
Também de acordo com a Polícia, Luis Eduardo Cruz faz parte do conselho administrativo do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), uma organização social com contratos de grande monta com a administração.
No que tange à Bio-Rio, os convênios encareceram 87%, devido a aditivos durante sua vigência. Calculado inicialmente em R$ 120 milhões, alcançaram posteriormente R$ 225 milhões. Uma alta de R$ 104 milhões. Todos os contratos foram assinados durante a gestão de Eduardo Paes.
Os R$ 6 milhões que foram embolsados irregularmente teriam sido objetos da chamada “taxa de administração”, instrumento pelo qual, ao arrepio da lei e das decisões de Tribunais de Contas, as OSs costumam retirar o que se equipara à “margem de lucro” de seus diretores.
Escutas telefônicas obtidas com autorização da Justiça mostram a preocupação dos integrantes do conselho da Bio-Rio com a investigação. Em um dos trechos, a testemunha comenta irregularidades apontadas pelo TCM.
A investigação aponta ainda que outras oito pessoas estão envolvidas no crime.
No entanto, era com outros dois denunciados que o casal definia como aconteceriam os desvios de verba pública. Reuniões eram realizadas com os demais membros da organização criminosa, ocasião em que havia a definição dos percentuais e valores desviados dos convênios.
“Em resumo, tinham o poder de criação, gerência e manutenção dos crimes e, consequentemente, o domínio final dos delitos praticados pela malta”, descreve a denúncia do Ministério Público.
A Bio-Rio informou que não tem nada a declarar sobre a operação. A defesa do casal também não se pronunciou.