População da ZN reprova UPA terceirizada pela Prefeitura
Demora, desorganização, poucos profissionais, consultas superficiais e falta de insumos básicos são alguns dos problemas relatados pelos usuários e familiares
Um mês e meio após ser inaugurada, a UPA da Zona Noroeste, terceirizada pela Prefeitura para a organização social SPDM, já é alvo de uma enxurrada de críticas.
Tal qual a UPA Central, também administrada por uma OS, a unidade de urgência e emergência da região mais carente da Cidade tem problemas de demora no atendimento, poucos profissionais, baixa resolutividade e falta de insumos.
Na última segunda-feira (1º), na parte da tarde os pacientes tinham que aguardar no mínimo 4 horas para passar pelo médico. Cristiane Casanova, moradora da região, foi uma das que precisou ter paciência. Ela levou a filha na unidade às 11h40 e teve de aguardar até 15h30. “Acho muito. Tem gente lá que vai acabar ficando mais tempo ainda. Não é normal”.
A aposentada Maria Lúcia Santiago também desaprovou o serviço. Ela conseguiu que a irmã, com problemas hepáticos, fosse atendida após esperar pouco mais de duas horas. Mas na semana anterior elas chegaram a ficar quase cinco horas mofando nos bancos duros da recepção.
“Naquele dia chegamos às 12h50 e saímos às 18 horas. Não se sabe o motivo de tanta demora. A médica foi péssima, não examinou, nem tocou na minha irmã. Nós sabemos que o caso inspira cuidados, pois há um tempo atrás, quando estava com os mesmos sintomas, chegou a ficar internada por 20 dias”, contou.
A UPA da Zona Noroeste é administrada pela organização SPDM, empresa com diversos problemas apontados pelo Tribunal de Contas e pela CPI da Assembleia Legislativa, envolvendo contratos firmados com outras prefeituras e com o Governo do Estado.
O processo de seleção da OS foi feito sem a aprovação pelo Conselho Municipal de Saúde. O órgão de controle denunciou ao Ministério Público que não teve participação garantida na comissão de fiscalização. Isso não impediu a prefeitura de manter o contrato, com repasses mensais de R$ 1,5 milhão (R$ 18 milhões/ano).
Entre os muitos relatos de usuários indignados nas redes sociais com o serviço prestado pela entidade privada, destacamos o caso de maior repercussão, em que uma idosa morreu no início do mês passado, após esperar demais.
A paciente Maria Rita Ataíde da Silva, de 68 anos, chegou na unidade no dia 3 de março com dores no peito, no estômago e pressão alta, mas não foi atendida de imediato, como exigem os protocolos médicos para casos cujos sintomas apontam para possíveis problemas cardíacos.
Veja abaixo mais exemplos que mostram como o dinheiro que todos nós pagamos em impostos está sendo mal empregado em mais uma terceirização irresponsável.