OSs e os Crimes: preso pecuarista suspeito de lavar dinheiro
Prisão ocorreu durante 6ª fase da Maus Caminhos, operação que desvelou um esquema criminoso de altas proporções na terceirização da saúde do Amazonas
Foi preso um pecuarista nesta terça (30), como resultado das investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal, que apuram desvios de cerca de R$ 20 milhões em esquema entre a Organização Social (OS) Instituto Novos Caminhos (INC) e empresa G.H. Macário Bento,
A Polícia Federal prendeu não só o pecuarista José Lopes, como também o empresário Gustavo Macário Bento e a assessora Edite Hosada. Trata-se da 6ª fase da Operação Maus Caminhos, denominada “Eminência Parda”. A investigação apura crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Conforme as constatações dos órgãos investigativos, o médico e empresário Mouhamad Moustafá, dono da OS INC, repassava grandes quantias em espécie ao pecuarista. Eles moravam no mesmo condomínio, o que facilitava o contato. Foram realizados 20 encontros e em cada um deles eram entregues cerca de R$ 1 milhão, de acordo com o delegado de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Federal, Max Ribeiro.
“Essa operação possui relação com a Maus Caminhos e o desvio de verbas da saúde e lavagem de dinheiro. Parte desses recursos eram repassados diretamente pelo gestor da organização social que geria algumas unidades de saúde do Estado e ele repassava esses valores para esse pecuarista para que através das empresas dele simulasse que esse valor teria sido recebido em razão do negócio”, disse.
O pecuarista teria uma empresa que foi inserida como prestadora de serviço ao INC que também recebia pelos serviços prestados, mas a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou pagamentos por serviços não prestados ou serviços com valores superfaturados.
Busca e apreensão
Durante a operação foram apreendidos documentos, mídias de armazenamento de dados, veículos de luxo e valores que totalizam R$ 79 mil somando uma quantia em cada uma das três residências que sofreram mandado de busca e apreensão.
Segundo o delegado responsável pela operação Maus Caminhos, Alexandre Teixeira, a empresa possui contrato com outros órgãos públicos, e já existe uma investigação sobre todo o material apreendido.
“A empresa detém outros contratos, mas a PF busca provas para esclarecer os fatos e objetos adquiridos com o proveito do crime praticado. Houve desvio de valores e recursos públicos da União e a atividade desse grupo promoveu a lavagem de dinheiro. A PF busca reaver parte dos bens comprados com recursos ilícitos”, destacou.
Conhecido como o Rei do gado, José Lopes foi preso em Boca do Acre. E levado a Rio Branco para exame de corpo delito. Indagado porque estava sendo preso disse que não sabia o motivo. Perguntado se queria dar alguma declaração, respondeu: “Não sei nada. Não me falaram nada. Só sei que estou preso”.
No dia 19 de julho, na quinta fase da Maus Caminhos, a Polícia Federal prendeu nove pessoas, entre elas a ex-primeira-dama do Estado Nejmi Aziz e três irmãos do senador Omar Aziz, que já foram soltos. O parlamentar, no dia 23 deste mês, prestou depoimento na sede da PF.