OS que comanda mais de 60 unidades de saúde no Rio é investigada por corrupção
Ipcep, que é investigada pelo Ministério Público da Paraíba, também é e alvo de reclamações de pacientes
Reportagem desta segunda-feira (14), publicada no site G1, traz um histórico de uma organização social que atua em diversas unidades do Rio de Janeiro, mesmo sendo o pivô de um escândalo envolto em denúncias de corrupção na Paraíba.
O site trata do Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP), responsável pelo atendimento básico de saúde em 28 bairros da Zona Oeste do Rio. Segundo o texto, a OS também vem enfrentando problemas para manter o serviço contratado pela Prefeitura do Rio pelo valor de R$ 117 milhões. Relatos dão conta de que faltam médicos, enfermeiros e medicamentos nas unidades administradas pelo grupo.
Impressionante como o modelo de gestão, duramente desmascarado de norte a sul do Brasil, continua sendo opção para muitos gestores municipais e estaduais, inclusive em Santos, onde o prefeito Paulo Alexandre Brabosa (PSDB) vai ampliar a quantidade de OSs na Saúde, a despeito da reprovação da terceirização nas UPAs. Muito dinheiro envolvido.
Veja abaixo alguns trechos da matéria. Para ler a íntegra, clique aqui.
“Nunca tem médico, nem adianta vir”, comentou um paciente sem atendimento.
Na Clínica da Família de Campo Grande, médicos e funcionários afirmam que estão sem salário, vale transporte, vale refeição e sem recolher o FGTS.“Pior do que isso só se levar uma chibatada todo dia quando chegar no trabalho, né? Pior do que isso não tem como ficar”, disse um funcionário sem se identificar.
A Organização Social (OS), que deveria atender cerca de 2 milhões de pessoas nos bairros da Zona Oeste, está sendo investigada pelo Ministério Público da Paraíba por conta da atuação de uma organização criminosa.
O trabalho dos procuradores paraibanos fez com que Antonio Carlos de Souza Rangel fosse afastado do cargo pela Justiça da Paraíba.
Desde o início de 2019, a Operação Calvário vem desarticulando uma quadrilha suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos em contratos firmados com unidades de saúde e educação no estado do Nordeste do Brasil.
Contratação sem licitação
A atuação da IPCEP no Rio de Janeiro teve início em julho, quando a Prefeitura fechou contratos emergenciais com várias Organizações Sociais, entre elas a IPCEP.O poder executivo municipal assinou contratos com esta OS, sem licitação, mesmo depois de saber que a empresa era investigada e estava envolvida em casos de corrupção em outros estados.
Os contratos entre a Prefeitura e a IPCEP custaram R$ 117 milhões de reais aos cofres públicos.
“Minha mãe está precisando de um remédio. Eu vim aqui tentar, mas não tem médico, não tem nada. Tá difícil o negócio aqui”, disse a mãe de uma paciente.
Na internet, o IPCEP diz que tem a missão de prover ações e serviços para a atenção integral da população com qualidade por meio de redes de atenção e cuidado. A empresa diz ser reconhecida pela gestão eficiente dos recursos e excelência no atendimento.
O que dizem os envolvidos
A Organização Social IPCEP disse, em nota, que não foi notificada pela justiça sobre o afastamento do diretor-executivo, Antônio Rangel, das funções do instituto no Rio.Sobre as outras questões, incluindo o pagamento dos salários, a O.S disse que quem iria responder seria a Prefeitura do Rio.
A prefeitura informou que já repassou quase R$ 20 milhões para a IPCEP e que os salários deste mês estão sendo pagos e serão repassados aos funcionários até o fim do processo bancário.
Sobre a decisão da Justiça da Paraíba, a Prefeitura do Rio informou que não há condenação e que a O.S pode prestar os serviços. Sobre a clínica da família mostrada na reportagem, o poder executivo disse que a IPCEP tem feito seleções para contratar médicos.