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07/03/2019     nenhum comentário

Nós já sabíamos: OS Pró-Saúde protagoniza esquema de corrupção com direito a padre envolvido em fraudes

Delação de um ex-padre e depoimentos oficiais do próprio ex-governador fluminense Sérgio Cabral revelam os desvios gigantescos da Saúde

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Durante o desenrolar dos preparativos para o Carnaval mais um escândalo envolvendo organizações sociais de saúde, terceirização dos serviços públicos, corrupção e até membros da Igreja Católica veio à tona.

Os detalhes, divulgados a partir de uma delação de um ex-padre que foi braço direito do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro de 1997 até aos últimos anos, expõem o tamanho do fosso de corrupção por onde escorrem milhões do SUS.

Wagner Augusto Portugal foi o ex-religioso que confessou à Operação SOS, um desdobramento da Operação Lava-Jato, a sua própria participação num desvio milionário através da organização social ligada Pró-Saúde, ligada à Arquidiocese Fluminense. Com essa delação, pela primeira vez a Lava-Jato aproxima-se das cúpulas da Igreja Católica.

E por que tudo isso agora? Há anos denunciamos aqui no Ataque aos Cofres Públicos os mau feitos da Pró-Saúde nas cidades onde foi contratada para prestar serviços em hospitais públicos. Em Cubatão, por exemplo, o Hospital Municipal foi deixado em penúria pela OS, com a anuência da ex-prefeita Márcia Rosa (PT).

Agora as ligações espúrias da entidade privada ganham nova dimensão após Sérgio Cabral, o antigo governador fluminense que está preso e condenado a penas acumuladas de 198 anos e seis meses, disse em depoimento gravado em vídeo ao juiz da Lava Jato Marcelo Bretas que Dom Orani Tempesta, o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, teria interesses num esquema corrupto em torno da Pró-Saúde.

As investigações nesse sentido vinham ocorrendo no âmbito da Operação SOS, mas não eram públicos, até Cabral também tocar no tema. “Não tenho dúvida de que deve ter havido esquema de propina com a organização social da Igreja Católica, a Pró-Saúde. Não tenho dúvida. O Dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao Dom Orani, mas ele tinha interesse nisso. Tinha o Dom Paulo, que era padre e tinha interesse nisso. E o Sérgio Côrtes (secretário estadual da saúde) nomeou a pessoa que era o gestor do Hospital São Francisco. Essa Pró-Saúde certamente tinha esquema de recursos que envolvia religiosos. Não tenho a menor dúvida”, disse Cabral.

A revista Época teve na sequência acesso ao tal depoimento do ex-padre Wagner Portugal, impedido de usar a batina pelo Vaticano por desobediência, e de uma irmã sua, Wanessa, falecida no ano passado, que detalha o esquema que teria desviado no mínimo R$ 50 milhões dos cofres públicos. Wagner Portugal acompanha Dom Orani desde 1997 e pela Pró-Saúde geriu seis hospitais no estado do Pará quando o cardeal era arcebispo de Belém, entre 2004 e 2009.

Dom Orani, diz ainda a revista, não está entre os investigados, nem há indício de que tenha participado do esquema. Mas a operação da polícia tenta apurar se o dinheiro desviado foi usado para pagar gastos dos religiosos, como voos alugados, passagens aéreas, roupas e outros artigos.

A investigação apura crimes de formação de quadrilha, de organização criminosa, de desvio de verbas públicas, de lavagem de dinheiro, de constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo e de corrupção ativa e passiva.

Em seus depoimentos, o ex-padre e a sua irmã relataram que contratos fictícios de fornecimento e prestação de serviços para o desvio dos repasses do governo do Rio eram usados no esquema. Segundo eles, a Cúria Metropolitana pressionava o ex-secretário a interceder por pagamentos à Pró-Saúde.

Quem é a Pró-Saúde?

A Pro-Saúde é uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalares do país. Os contratos com a administração de Sérgio Cabral chegaram a representar 50% da faturação nacional da entidade, que cresceu de R$ 750 milhões, em 2013, para R$ 1,5 bilhão, em 2015.

Comunicado da Pró-Saúde diz que “a ação está em segredo de justiça e tem resultado em importantes desdobramentos na investigação de práticas irregulares na gestão da saúde pública no Brasil. Em virtude do sigilo legal, a instituição não pode se manifestar sobre o seu teor”.

A arquidiocese do Rio divulgou nota para rebater as ilações feitas por Sérgio Cabral em depoimentos a Bretas. “Podemos afirmar que a Igreja Católica no Rio de Janeiro e o seu arcebispo têm o único interesse que organizações sociais cumpram seus objetivos, na forma da lei, em vista do bem comum”.

Veja abaixo algumas das  dezenas de matérias, algumas já bem antigas, em que mostramos os estragos que a Pró-Saúde desencadeou pelas cidades onde virou gestora de unidades de saúde. Inclusive em Cubatão!

Isso é terceirização! Gestores e políticos que adotam esse modelo de gestão são diretamente responsáveis, inclusive pelas mortes causadas diretamente ou indiretamente nesse regime administrativo obscuro.

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