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08/09/2019     nenhum comentário

Nesta quarta, data de um ano da morte do menino Lucca na UPA Central, família fará ato pedindo Justiça

Ato será às 18h, na porta da Unidade de pronto Atendimento (UPA) Central, gerenciada pela Fundação do ABC

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A próxima quarta-feira (11) marca um ano da morte do adolescente Lucca Fernandes Morroni , de 13 anos, em condições suspeitas, após atendimento na UPA Central de Santos, terceirizada pela Organização Social Fundação do ABC.

Ainda sem respostas a muitas perguntas, a família programa um ato para pedir sequência às investigações sobre a real causa de morte do garoto e justiça para o que acreditam ter sido um óbito por negligência.

O caso foi noticiado pelo Ataque aos Cofres Públicos e acabou chamando a atenção nas redes sociais, repercutindo também na imprensa local.

Com muitas dores abdominais, Lucca teria esperado tempo demais por um exame de sangue que poderia apontar, se não a doença, ao menos a gravidade do quadro, garantindo a agilidade na busca por uma vaga em UTI. “Primeiro extraviaram o material e tiveram que colher novamente amostra de sangue. Depois demorou demais pra sair o resultado”, lembra o pai do menino, Glauco Morroni.

Segundo a família, o adolescente, mesmo tendo chegado de ambulância, ficou se contorcendo de dor em uma cadeira de rodas por cerca de 7 horas, sem cuidado adequado. Essa informação pode ser constatada na foto, feita pelo Ataque aos Cofres Públicos um dia antes da morte, por coincidência, já que nossa equipe estava lá apurando outras denúncias de mau atendimento.

A mãe, Elaine Morroni, conta que Lucca não tinha condições de andar, por isso foi levado de SAMU. “Teve um momento que ele não aguentava mais e minha cunhada trouxe o carro para ele deitar um pouco no banco traseiro”.

Quando finalmente chegou o resultado do exame de sangue, os indicadores já estavam muito ruins e só então a equipe colocou o nome do menino na busca por leitos intensivos e o encaminhou para o setor de emergência da UPA.

Também não foi feito ultrassom, já que o equipamento não é disponibilizado na unidade..

A família ainda reclamou de atendimento grosseiro por parte da enfermagem no setor de emergência. “Se ele fosse tratado como o quadro exigia, Lucca poderia ter chances de sobreviver? Não tenho como afirmar, mas pelo menos teria certeza de que foi feito de tudo para tentar salvá-lo”, lamentou Glauco.

O Caso

Lucca faleceu 22 horas após dar entrada na unidade, na manhã do dia 11, uma terça-feira. Ele chegou na UPA na segunda anterior, de manhã, de ambulância, com febre, queixas de muitas dores no corpo, na garganta e sem condições de andar. Era um caso de urgência, mas segundo os familiares não foi tratado como tal.

Na época, a tia do garoto, Maria Luíza Morroni, explicou como tudo aconteceu: “Ele chegou às 10h30, de ambulância, pois já estava sem força pra andar. Foi para o setor de emergência. Quando ainda estávamos fazendo a ficha dele, o mandaram de volta para a recepção, na cadeira de rodas, com o meu irmão. Lá dentro o médico, sem tocar no meu sobrinho, sem examiná-lo, falou que não era um caso emergencial. Mandou passarmos pela triagem e pelo médico. Ficamos lá esperando, passamos por tudo isso. O médico que o examinou pediu exame de sangue e de urina. Só que a urina a gente já não conseguia mais colher porque ele não estava mais urinando”, disse Maria Luiza.

O primeiro exame de sangue foi colhido por volta de 13 horas. Mas o resultado demorou quase 8 horas. “Depois do soro com medicamento ele passou a piorar muito. Deram benzetacil, deram tramal, encheram meu sobrinho de remédio e aquilo só foi piorando”, lembrou a tia.

Por volta de 21h do dia 10, depois que os indicadores sanguíneos mostraram a gravidade do caso, a família teria sido informada que o nome de Lucca estava sendo inserido na fila por vaga hospitalar, pois o caso necessitava de uma UTI o mais rápido possível.

“Meu sobrinho aguentou firme. Ficou a madrugada inteira na emergência. Meu irmão ficou com ele, mas não deixaram ele se comunicar com a gente aqui fora. Uma enfermeira ignorante maltratou a gente. Maltratou meu irmão enquanto o menino se contorcia de dor. Não fizeram nada. Ele foi à óbito 8 e meia da manhã do dia 11. A causa eles sequer sabiam. A UPA é uma fábrica de morte”, contou Maria Luiza na ocasião.

Glauco ainda contou que a última médica a examiná-lo foi uma profissional que estava entrando na troca de plantão da manhã do dia 11. “Ela tomou um susto ao se deparar com meu filho. Ela ficou muito brava e brigou com toda a equipe, perguntando porque ele estava daquele jeito. Depois me mandou sair. Nem uma hora depois recebemos a notícia da morte dele.

Inquérito

Nos dias que se seguiram a família enfrentou dificuldades para obter os documentos médicos que atestassem a causa da morte. Primeiro mandaram ir no Poupatempo. Lá a Maria Luiza soube que esse documento, como se tratava de óbito, a própria UPA deveria fornecer. Voltaram na unidade e de novo não conseguiram. “Alegaram que primeiro iria para a secretaria e só depois poderiam me passar”.

O caso permanece como inquérito no 5º DP, mas segundo Maria Luíza está parado, sob a alegação de que faltam mais documentos para abrir um processo judicial pedindo responsabilização dos culpados. “O médico legista do IML atestou que o Lucca morreu de síndrome hepatorrenal (SHR). Mas isso não procede, pois ele nunca teve problema nenhum desse tipo”.

A SRH é uma condição clínica grave, que consiste em uma rápida deterioração da função renal em pessoas com cirrose ou insuficiência hepática fulminante. A família luta para que um perito investigue detalhadamente o caso e para que a verdade venha à tona.

“O fato é que ele chegou na UPA pela emergência, de ambulância porque não dava nem pra mexer nele. Acabou ficando numa cadeira de rodas ali num canto o dia inteiro. Eu cheguei a estacionar meu carro aqui na frente pra deitar ele, porque não tinha nem onde deitar até sair o resultado do exame de sangue! Merecemos saber o que de fato aconteceu”, ressalta Maria Luíza.

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