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21/08/2017     nenhum comentário

Na UPA Central equipes são reduzidas e trabalhadores têm menos direitos

Sobrecarga de trabalho reflete em demora no atendimento e muita insatisfação por parte dos usuários

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Cláudio Carlos dos Santos levou a mulher com dores fortes na perna para a UPA Central de Santos, na última segunda-feira (14). “É muita demora. Foram três horas esperando só para tomar a medicação. Poucos funcionários em uma sala lotada”.

A esposa de Cláudio deu sorte de ter recebido medicamento prescrito para aliviar seu problema, que não foi diagnosticado. Em grande parte das vezes, nem isso acontece. Há dias em que faltam até mesmo insumos como gesso e algodão, como a própria imprensa noticiou recentemente.

A UPA Central é terceirizada para a Organização Social Fundação do ABC. A Prefeitura substituiu o PS Central por essa unidade, inaugurada já com um novo modelo de gestão e com a promessa de que situações como essa acabariam. Não acabaram.

 Iris Coelho Nogueira que o diga. Ela saiu da Zona Noroeste, onde o Pronto Socorro não conta sequer com Raio X, e também foi até a UPA na segunda (14). O PS da ZN, como aconteceu há dois anos com o PS Central, está em processo de sucateamento para que a Prefeitura possa justificar a entrada de mais uma Organização Social na futura UPA da região.

“Lá só tem um único médico para atender todo mundo e não tem Raio X. Vim aqui achando que seria melhor, mas a única coisa que consegui foi um remédio para dor. O médico me examinou rapidamente e mandou ir atrás de tratamento com neuro. Eu estou à espera desse neuro há mais de 90 dias, na Policlínica do Areia Branca. Sempre dizem que não tem previsão. Pode demorar até dois anos. Ortopedista também não consigo”.

O problema de Iris é na coluna, onde sente dores muito fortes. “O secretário de saúde diz que a maior parte das pessoas que vão na UPA não deveriam estar lá e, sim, em ambulatórios? Vai ver que na casa dele deve ter um especialista para me atender então. Se a UPA não serve para atender a gente, serve para atender quem, se não tem médico no resto?”.

Na pediatria, as queixas também revelam um serviço insatisfatório. Satiê Messias Silva levou sua bebê e saiu decepcionada com o atendimento superficial do médico. Nos demais setores houve muita demora. Isso porque era retorno. No dia anterior, ela chegou às 19h e saiu uma hora da manhã.

“Deveria ter fila para tirar Raio X das crianças separada da fila dos adultos, como era antes no PS infantil que funcionava na Santa Casa. Aqui as crianças ficam em contato com as doenças dos adultos, numa fila enorme. Os banheiros todos sem porta e um lixo só. As cadeiras não tem nem encosto”, reclamou.

Com tanta reclamação (veja mais no quadro), fica nítido que a Prefeitura optou por uma gestão cara (R$ 20 milhões por ano) e ineficiente na unidade comandada pela FUABC. Enquanto isso, os demais serviços não terceirizados ficam à mingua, para sobrar dinheiro para a OS. O resultado é a saúde capenga por todos os lados.

Um funcionário da UPA que não quis se identificar denuncia que a Fundação diminuiu o quadro de técnicos de enfermagem. “Eram 13 agora são 11. Vai entrar um de férias e ficarão só 10”.

A OS ainda suspendeu o pagamento de 100% de horas extras nos feriados. “Agora só ganhamos uma folga como compensação. E a empresa está devendo o pagamento de horas extras já trabalhadas no passado para vários funcionários. Nosso piso também é inferior ao dos funcionários que atuam em Praia Grande pela mesma OS”, comenta.

 

Vanessa Cristina Vieira Costa

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Cheguei 6h54 com meu filho sem respirar direito, com problemas de asma. Ele só foi atendido só 10h30. Absurdo ficar esse tempo todo. Eu reclamei, disse que ele é criança. A enfermeira disse não ter nada a ver com isso, resmungou que estava sozinha para atender muitos pacientes. Tive que pedir para outra enfermeira, da pediatria mesmo, para atenderem ele. Só assim atenderam. Briguei na recepção, briguei lá dentro. Se não é assim, te deixam ao Deus dará. Fora que sumiu a ficha dele do sistema. Péssimo atendimento.

Francimara de Araújo Maia

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Meu filho Ruan deu entrada às 7h30. Jogaram ele lá na sala de medicação e está até agora (10h30), sendo que precisa de internação. Ele tem trasqueotomia, pode pegar uma bactéria. Na sala onde ele está tem todo tipo de paciente. Um está com coágulo doença, precisa ser operado urgente. Outro está com água no pulmão e eles não resolvem o problema de ninguém.

Meu filho não tem um lugar específico para ele ficar na UPA. Está jogado na sala de medicação e eu não tenho o que fazer. Ele não anda, ele não fala e tá jogado.

Isso não é normal. Aqui só aparentemente está tudo bem, mas não está nada bem. Se entrar lá dentro, vê que é muita gente, muito desconforto, poucas vagas e poucos funcionários.

David Sales

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O atendimento está muito demorado. Teve um dia que eu vim aqui e foram 6 horas para ser chamado. As três primeiras horas o sistema caia. O movimento estava tão grande que as funcionárias não conseguiam absorver esse atendimento. Todo mundo queria passar na frente. As vezes furavam a fila do outro, porque estavam com mais dor. O começo da UPA foi bom. No primeiro mês eu vim e tive um tratamento bom. Mas depois de um tempo parece que ficou diferente. A gente vê que o nível começou a cair. Não tem médico e funcionário suficiente. O investimento foi alto e a gente não vê retorno.

Marcial Bossa Carvalho Júnior

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Quem me mandem morrer em casa, que é melhor. Eu cheguei ontem (dia 13) e fiquei sem dormir numa cadeira do setor de medicação. A enfermeira gritou comigo. Não me deram um cobertor, um lençol. Eu estou com água no pulmão. Mandaram que eu ficasse 12 horas sem tomar água, depois eu fui saber que não precisava. Desde fevereiro estou com pneumonia. Venho, tomo remédio, mandam embora, volto, tomo remédio, mandam embora. Acho que é melhor eu ir para casa que lá eu não morro. Mas aqui, seu ficar…Já quase tive um treco. Me tratam que nem um cachorro. Dizem que não tem leito, mas a gente sabe que tem. É uma bagunça. Minha filha que traz a comida porque é nojenta a alimentação. Sou de Santos. Pago imposto e olha a vergonha. Sou ex-guarda portuário contribui muito para a cidade. Pra ter o que agora? A gente não tem direito a nada.

Ingrid Gonçalves Valentim

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Não tem cadeira de rodas, as cadeiras são sem encosto na recepção. Cheguei 23 horas de ontem (dia 13) para pegar meu último resultado de exame. Deu que eu estava com nível de plaquetas muito baixo e que eu precisava internar para fazer uma transfusão de sangue. Só que até agora não consegui ser internada e a maneira como a gente aguarda é desumana. Estou na sala de medicação desde ontem, sentada numa cadeira. Vim aqui para fora porque não aguento mais ficar lá com um monte de gente. Também não posso ir embora. Não tem o que fazer. Eles dizem que não tem leito nem na UPA e nem fora e eu não posso fazer transfusão sentada numa cadeira. Eles não te dão nada. Passei a noite com dois casacos. Vim para melhorar e estou pior. Aqui a pessoa fica para morrer. Se alguém tiver alguma coisa, vai morrer.

 

 

 

 

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