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24/04/2017     nenhum comentário

MP investiga OS Iabas por falta de médicos e problemas em unidades de SP

IABAS administra 69 unidades na capital paulista, entre elas AMAs, UBSs e o pronto-socorro de Santana. Faltam médicos e medicamentos e sobram problemas, baratas e até ratos.

Situação de calamidade com falta de médicos e problemas de várias naturezas nas unidades municipais de saúde administradas de forma terceirizada pela Organização Social IABAS (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) levaram o Ministério Público de São Paulo a finalmente agir.

O órgão está investigando a situação de 69 unidades de saúde, dentre elas AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) e UBSs (Unidades Básicas de Saúde), além do pronto-socorro do bairro Santana, um dos mais importantes da Zona Norte de São Paulo.

De acordo com funcionários e médicos, desde que o IABAS assumiu o serviço, o atendimento à população piorou muito, a ponto, inclusive, dos funcionários registrarem até um boletim de ocorrência para denunciar a situação calamitosa.

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Para prestar esse atendimento absolutamente ineficiente, o IABAS recebe R$ 21 milhões por mês da prefeitura. As unidades, espalhadas pela Zona Norte e centro da capital, sofrem com poucos médicos e problemas gerenciais e operacionais.

Para o promotor de Justiça que está apurando o caso, Arthur Pinto Filho, a Prefeitura não está sequer fiscalizando a entidade. Em entrevista ao site G1, ele criticou o modelo de gestão que usa as OSs como terceirizadas para prestar um serviço que é dever do poder público.

“O controle de gastos das organizações sociais é muito ruim. Não há efetivamente um controle de gastos.  Efetivo, real para saber se aquilo foi gasto ou não foi. Durante anos, a estrutura da prefeitura para a verificação desses gastos, era formada por 4 profissionais. Então, se verifica apenas se a organização prestava contas ou não”, afirmou.

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O promotor ilustra muito bem o que o Ataque aos Públicos vem repetindo ao longo dos últimos dois anos. A fiscalização das OSs praticamente não existe. Quando existe, ocorre de forma muito superficial, muito aquém da complexidade que o modelo exige, por dispensar a exigência de licitação para compra de insumos e medicamentos e regras claras na contratação de pessoal especializado.

Conforme a reportagem do G1 apurou, o pronto-socorro de Santana faz, em média, 400 atendimentos por dia. Em julho de 2016, nove médicos fizeram um abaixo-assinado denunciando que o IABAS havia reduzido o número de profissionais na unidade: corte de 33% e também reduziu pela metade o número de médicos à noite. Só o PS Santana custa mais de R$ 1,2 milhão por mês para a prefeitura.

Veja a continuidade da reportagem ou  clique aqui para ler na íntegra e para ver o vídeo do SPTV.

“Está ocorrendo infestação de barata, tendo rato dentro do pronto-socorro. Tem um cheio terrível de esgoto que sai perto da pediatria”, afirmou um médico que atua há muitos anos no Pronto-Socorro Lauro Ribas Braga, conhecido como PS Santana, na Zona Norte, onde a situação é crítica. No local há pacientes deitados em macas de ambulância, porque faltam camas, e na sala de emergência a parede parece mofada e há também pessoas deitadas no corredor.

Uma enfermeira conta que o material que está sendo usado “é de péssima qualidade, e que, às vezes falta bastante medicação”. Em um dia, não havia ortopedista durante o período diurno.
“Houve redução dramática do número de funcionários, foi cortado vários funcionários, médicos, enfermagem. Material de má qualidade. A situação como um todo está muito ruim trabalhar”, afirmou o médico.

O documento do boletim de ocorrência dos médicos e funcionários diz ainda que não há reposição de quem sai de férias ou licença e que, por isso, há falta constante de cirurgiões, ortopedistas e pediatras. Os médicos fizeram um boletim de ocorrência sobre a falta de enfermeiros, medicamentos, insumos, leitos e apontaram que a situação no pronto-socorro é de calamidade.

Com a situação ruim, o atendimento não pode ser bom. O garçom Felipe Martins pisou em um prego, foi atendido, mas teve que voltar. “Devo ter esperado entre 3 e 4 horas pelo atendimento. Em menos de 10 minutos fui dispensado. Meu pé continuou inchado e pedi até dispensa do serviço para poder vir novamente ver. Foi onde o próprio médico falou para mim que fizeram o procedimento errado”, afirmou ele.

Problemas de atendimentos na Sé
Os pacientes confirmam a situação ruim em outras unidades do Centro de São Paulo. “A gente marca para fazer exame e dizem que não tem as coisas pra fazer exame”, afirma a aposentada Arenilda da Silva, que esteve no prédio em que fica a AMA e a UBS da Sé, no Centro de São Paulo.

Foi o segundo dia consecutivo que ela tentou fazer o exame. “Tem que marcar para daqui a 3 meses. Quando é daqui a 3 meses a gente vem e não faz”, afirma ela.

A unidade também está sem aparelho de raio-x há uma semana. Só em março, houve mais de 1.800 denúncias na ouvidoria da prefeitura sobre reclamações do atendimento na UBS e AMA da Sé.

No prédio, os corredores estão cheios de adultos e crianças, alguns sentados em cadeiras com estofado rasgado. Nos banheiros, portas quebradas, chão suco e pregos no lugar de trincos. Luminárias estão sem lâmpada e privadas sem assento. Falta papel higiênico e sabão.

Unidade fechada na República
Ao lado do prédio da prefeitura, no centro de São Paulo, há uma UBS que atende moradores da região da República. Só que a unidade está fechada, com um cartaz de que estão trabalhando para normalizar o atendimento. Quem tem consulta marcada é levado de van para um núcleo de assistência no Cambuci. Quem busca medicação ou vacinas, deve ir até a UBS da Sé, localizada a 2,5 km do local.

Pela janela do UBS é possível ver equipamentos médicos, como balança para bebês e estetoscópio. Pacientes falaram que o motivo do fechamento é uma obra. O teto está sem forro, mas não há sinal de obras no local.

Situação problemática, diz promotor
O promotor que investiga a coordenação das unidades de saúde pelo IABAS diz também estar surpreso com as reclamações dos médicos. “É muito raro um médico informar uma situação de agravo no lugar em que ele trabalha. É muito raro isso. E isso tem ocorrido muito sistematicamente nos locais administrados pelo IABAS”, afirmou.

“O que se percebe é que de fato as unidades administradas pelo IABAS, elas tem uma situação problemática, Em tese, e no geral, maior do que aquelas que apresentam as demais organizações sociais”, salientou.

Questionadas pela reportagem, a entidade e a secretaria municipal de Saúde não convenceram com suas respostas. A primeira dizem que os problemas são pontuais. A segunda afirma que um sistema de fiscalização pela internet (isso, pela internet!) vai melhorar o controle. A secretaria de Saúde não deu prazo para que os problemas sejam solucionados.

Mais uma prova de que o discurso dos gestores públicos adeptos das OSs é uma farsa. OSs não profissionalizam os serviços. OSs ajudam a afundar ainda mais as unidades onde se instalam porque são mais caras para os cofres públicos, menos eficientes e menos transparentes.

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