Médicos exigem saída da OS que administra Hospital de Doenças Tropicais em Goiás
Eles fizeram uma manifestação em frente ao Hospital para denunciar demissões e sucateamento do serviço
Mobilizados contra o desmonte do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) de Goiás (GO), mais de 30 funcionários pediram a saída da Organização Social que administra o hospital há sete anos, o Instituto Sócrates Guanaes (ISG).
Conforme noticia a imprensa local, os ânimos se exaltaram depois que a OS mandou para rua de quase 50% do corpo clínico da Emergência, Reanimação e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no último dia 7. Uma semana depois os trabalhadores realizaram uma manifestação. No ato o grupo entregou uma carta ao governador do Estado, ao Conselho Regional de Medicina (Cremego), ao Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) e a políticos ligados à carreira médica.
Eles denunciam o estado de calamidade do equipamento. Diante das denúncias o Cremego inspecionou o hospital na última segunda-feira (14) e deverá encaminhar às autoridades competentes um relatório sobre a situação nos próximos dias.
Já o Simego disse que ainda nesta semana fará uma vistoria no local.
Os médicos e funcionários reivindicam principalmente mais médicos na Emergência, além da saída imediata da organização social da administração.
Segundo as lideranças do movimento, a administração demitiu quase 50% do corpo clínico de três áreas essenciais para o funcionamento: a Emergência, Reanimação e UTI. Desde a segunda-feira (7), os Recursos Humanos (RH) do ISG demitiu dois médicos durante o plantão. Uma dermatologista às 9h, enquanto atendia um paciente e mais cinco aguardavam na espera, e outra médica às 10h, surpreendida pelo RH após sair de uma reunião. Segundo os funcionários, o RH tem uma lista com 11 nomes para serem demitidos e até o momento foram sete.
A administração justificou aos médicos, segundo Marianna Tassara, que um estudo interno, mas não divulgado ao corpo clínico, amparou as demissões baseados em números. O paciente do HDT custa mais caro do que pacientes de outros hospitais, como do Hugol, por exemplo.
Mais lucro na reta final
Marianna Tassara, uma das médicas que participa do movimento acredita que organização social vai deixar o contrato com o Estado em dezembro deste ano, por isso procuraria, neste momento, obter o máximo possível de lucro ao custo da redução da equipe médica.
A administração do hospital nega e em nota à imprensa alega que as demissões “seguiram critérios técnicos dos gestores” e que “o quadro de colaboradores mantido supre toda a necessidade operacional do HDT, garantindo a qualidade da assistência prestada aos pacientes e o cumprimento de todas as metas pactuadas em contrato de gestão com a Secretaria de Estado da Saúde – SES-GO”.
Não é bem assim
Contrariando o posicionamento oficial da OS, os médicos rebatem a nota e destacam falta de condições de atendimento. Eles alertam para aparelhos de tomografia e broncoscopia quebrados há vários meses, redução de 130 vagas de leitos na UTI para 96, extinção do atendimento pediátrico na Emergência e o atendimento de plantão por apenas um médico. O histórico do hospital apontava dois ou três plantonistas nos últimos 13 anos, segundo Tassara.
A médica diz que a prova que a busca da OS não é por qualidade e, sim, por ganho econômico de seus executivos e diretores é que uma ex-diretora-geral do hospital teve folha de pagamento que chegou a R$ 95 mil em um único mês. Valor que pagaria 17 médicos, segundo a infectologista, com salários médios de R$ 5.588 mensais.
O problema maior é o aumento dos riscos para quem precisa do serviço. A profissional relatou ao site Mais Goiás que com a demissão dos sete médicos, pacientes passaram mal na noite de terça-feira (15) e ficaram sem medicação porque o plantonista não conseguiu sair da Emergência para atender a Reanimação.
Uma paciente caiu da cadeira e bateu a cabeça no chão, na sala de espera da Emergência. Para a médica, isso é reflexo da sobrecarga de trabalho em cima de um único médico no plantão.
Empresa ficha suja atua na Baixada Santista
A OS ISG também administra o Hospital Municipal de Itanhaém e tem longa ficha corrida de problemas e irregularidades. O Ataque aos Cofres Públicos já publicou diversos exemplos de denúncias vinculadas à OS, que é de Salvador. O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de São Paulo (SindSaúde-SP) também denunciou.
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