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20/12/2019     nenhum comentário

Mais de R$ 1 bilhão gastos com OSs motivaram prisões preventivas de investigados na Calvário

Um áudio de Ricardo Coutinho negociando propina com chefe da Cruz Vermelha foi divulgado após nova fase da operação contra fraudes na saúde

coutinho

São graves e continuam repercutindo as denúncias e as transcrições de áudio, que envolvem o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), o atual Governador João Azevêdo (PSB), e outros nomes da política paraibana, tornadas públicas no dia 17 de dezembro de 2019.

Os desdobramentos do caso que ficou conhecido como Calvário por conta do nome das operações da Polícia Federal, estão vindo à tona nos últimos dias. Eles mostram o estrago que a entrega dos serviços de saúde para organizações sociais causa na administração pública.

A decisão cautelar assinada pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida, que deflagrou a sétima fase da Operação Calvário informa que um dos motivos para que os dezessete investigados fossem presos preventivamente foi o fato de Governo da Paraíba ter gasto mais de R$ 1 bilhão com duas organizações sociais que gerenciavam a saúde na Paraíba.

“Chama a atenção para o fato do Estado da Paraíba haver gasto com a Cruz Vermelha do Brasil (CVB/RS), (de 2011 a 2019) mais de R$ 980 milhões, e, com o IPCEP, mais de R$ 270 milhões (de 2014 a 2019), o que reforça na sua ótica, a necessidade da prisão preventiva dos elencados investigados, para o fim de restabelecer a ordem pública e evitar a prática de novos delitos”, diz o documento.

Os alvos são Ricardo Coutinho, Estelizabel Bezerra de Souza, Márcia de Figueiredo Lucena Lira, Waldson Dias de Souza, Gilberto Carneiro da Gama, Cláudia Luciana de Sousa Mascena Veras, Coriolano Coutinho, Bruno Miguel Teixeira de Avelar Pereira Caldas, José Arthur Viana Teixeira, Breno Dornelles Pahim Neto, Francisco das Chagas Ferreira, Denise Krummenauer Pahim, David Clemente Monteiro Correia, Márcio Nogueira Vignoli, Valdemar Ábila, Vladimir dos Santos Neiva e Hilário Ananias Queiroz Nogueira.

Complica ainda mais a situação de Ricardo Coutinho um áudio divulgado pela imprensa em que o ex-governador é ouvido negociando o pagamento de propinas com o diretor da OS Cruz Vermelha. Ouça aqui.

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Ele também foi flagrado em uma conversa debatendo valores de supostas propinas com o operador da OS Cruz Vermelha e da OS Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (Ipcep), Daniel Gomes. No áudio, Ricardo questiona sobre o pagamento de quantias em atraso.

Na gravação divulgada, Daniel Gomes, em certo momento, admite que há um débito relativo à propina e lembra que foram feitos pagamentos para a campanha eleitoral. Ouça aqui.

Em outro trecho da gravação, Daniel Gomes conversa, em um restaurante de João Pessoa, com a deputada Estela Bezerra e a ex-secretária de saúde do estado, Cláudia Veras. Ele comenta sobre o projeto do grupo de passar a gestão da saúde do Conde, no Litoral Sul da Paraíba, para a Organização Social.

A proposta foi discutida, segundo ele, com o então governador, Ricardo Coutinho, e com Márcia Lucena, prefeita do Conde, ambos alvos de prisão preventiva na Operação Calvário.

 

Dinheiro enterrado

E nesta quinta (19), o colunista Lauro Jardim, do site O Globo, um texto intitulado “Ricardo Coutinho à moda Geddel”,  em que afirma que o ex-governador da Paraíba manteria escondida uma volumosa quantidade de dinheiro vivo.

Segundo Jardim, sua informação se basearia em suspeitas do Ministério Público da Paraíba e que os procuradores do MP cogitariam inclusive a possibilidade de que o ex-governador tenha enterrado parte da quantia para que ela não pudesse ser recuperada. Leia abaixo o texto escrito por Lauro Jardim na íntegra:

“O Ministério Público da Paraíba tem fortes suspeitas de que o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho, foragido desde anteontem, quando polícia a saiu às ruas com um mandado de prisão contra ele, mantém escondida uma fortuna em dinheiro vivo.

Os procuradores cogitam, inclusive, que Coutinho tenha enterrado ao menos uma parte da grana, na tentativa de ocultá-la e não ser alçado à mesma prateleira da história de Geddel Vieira Lima”.

No fim da noite desta quinta-feira (19), após desembarcar no Rio Grande do Norte, ao retornar de viagem à Europa, Coutinho foi preso.

Ele nega as acusações, e disse, na terça-feira (17) que “jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados”.

Pra que servem as OSs

Isso é o que significa terceirizar os serviços públicos para entidades privadas, que se dizem sem fins lucrativos, mas que o são apenas no nome. A real função das OSs é, além de enriquecerem empresários do setor médico/hospitalar, levantar fundos para políticos bancarem suas vidas luxuosas e suas campanhas eleitorais que garantem a perpetuação dos mesmos grupos no poder.

Não por acaso o modelo de gestão é caracterizado pela falta de transparência e pela necessidade de uma fiscalização muito mais específica e complexa. Enquanto um esquema é descoberto, dezenas continuam operando nas sombras, sem alarde e às custas de muitas vidas, de precarização, de rombo nos cofres públicos e de calotes em funcionários terceirizados, que também são vítimas.

A crise no sistema de saúde do Rio, quase inteiramente terceirizado para OSs é uma prova de que terceirizar só traz eficiência para quem lucra com o SUS.

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