Hospital da ZN é o retrato do abandono enquanto OSs faturam alto
Não é por acaso que o Complexo Hospitalar da região mais pobre da Cidade está pior do que um hospital de guerra. A estratégia é sucatear para terceirizar geral.
Não é de hoje que o Hospital Arthur Domingues Pinto, o Pronto Socorro da Zona Noroeste e a Maternidade Silvério Fontes são alvos de um projeto de demolição dos serviços públicos.
As unidades têm sido atacadas sistematicamente, não a golpes de picareta, mas de uma forma mais silenciosa e perversa: por meio do abandono proposital, minando as condições de trabalho dos servidores e a qualidade do atendimento à população.
Quem conduz essa depredação consciente é o próprio Governo. No local imperam os mais variados tipos de problemas. Faltam funcionários e médicos, falta manutenção do prédio, faltam aparelhos hospitalares e faltam também remédios e material. Sempre que chove, o martírio aumenta com goteiras e até cachoeiras em várias salas. Foi o que aconteceu na última quinta (8), conforme vídeos que podem ser vistos em nossa página no Facebook.
O prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) e seu fiel escudeiro, o advogado especialista em terceirização, Fábio Ferraz, sabem de todas as carências. Por que, então, na cidade de maior arrecadação da Baixada, onde a rede de saúde foi um dia referência nacional apenas com servidores de carreira, os serviços chegaram a este estado lastimável?
Na verdade, este movimento faz parte do manual básico dos governos adeptos no neoliberalismo-gerencial. Começam sucateando, deixando unidades inteiras sucumbindo aos poucos. Isso atiça a insatisfação da população e da opinião pública. Finalizam propondo a terceirização ou a privatização como atalhos para solucionar os problemas que o próprio governo criou.
A proposta ganha de especialistas em marketing a embalagem de uma administração moderna e antenada. Alguns messes se passam após as empresas assumirem e os serviços voltam a perder qualidade. Muitos ficam piores do que antes. Muito mais dinheiro da saúde é gasto. Escândalos nos jornais mostram que boa parte é desviado para caixa 2. Quando os usuários entendem que tudo não passou de mais uma promessa de político sem compromisso com o serviço público e amigo de empresários, fica difícil reverter.
Quando há muita reclamação, os governos até trocam as organizações sociais, ou seja, as empresas. E então o ciclo do desperdício de dinheiro e da picaretagem recomeça. Mudam os governos e o modelo fracassado de gestão continua, com a desculpa de que não é possível mais aumentar a folha de pagamento e fazer concurso. Uma mentira atrás da outra.
Assim o povo é enganado por anos. Mas é possível mudar o jogo se usuários e trabalhadores se unirem e resolverem dizer, de uma vez por todas, basta!
Veja aqui e aqui vídeos gravados no último dia 8, dentro da unidade.