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18/07/2019     nenhum comentário

FUTURE-SE: “Universidade não é indústria e educação não é produto a ser comercializado”.

Confira artigo do especialista Daniel Cara, desnudando o projeto do MEC, que mais poderia ser chamado de “Privatize-se”.

future-se

O cientista político e especialista em Educação, Daniel Cara, escreveu um artigo onde pontua o que está por trás do projeto Future-se, lançado pelo Ministério da Educação.

Vale a pena ler, lembrando que entre as medidas do programa está a criação de um fundo de natureza privada, cujas cotas serão negociadas na Bolsa de Valores, para financiar as universidades e institutos federais.

De acordo com o MEC, a operacionalização do Future-se ocorrerá por meio de contratos de gestão firmados pela União e pela instituição de ensino com Organizações Sociais (OSs). Todos sabemos o que isso significa: transferência de recursos públicos empresas que não precisam fazer licitação ou ata de registro de preços. Pouca ou nenhuma transparência, controle social extremamente complexo e muitas incertezas no ar.

SOBRE O DESMONTE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

#FutureSe ou #VireSe?
Estou acompanhando o lançamento do Future-se a distância, pois permaneço em incidência na ONU. Há riscos graves no projeto.
Siga o fio:

1) Missão: as universidades públicas brasileiras têm o desafio de expansão do ensino com qualidade – Harvard não é modelo: tem poucos alunos;
2) As alternativas de financeirização são menos elaboradas do que o receituário ruim da “Education Commission” de Gordon Brown. Estive aqui em NYC no lançamento deles em 2016. Em nenhum lugar do mundo funcionou. Um modelo pior não funcionará no Brasil;
3) A adesão ao projeto submeterá as universidades federais a riscos e mudanças de prioridades. Captar recursos será a meta. Universidade não é indústria e educação não é produto a ser comercializado. Patentes se resolvem com política comercial e industrial;
4) O aspecto mais perverso do projeto é utilizar o patrimônio acumulado das universidades públicas federais sob o modelo atual como moeda de troca para o modelo proposto. Ou seja: dilapida o que há de bom para determinar um modelo ruim e desigual;
5) O modelo é tão desigual que o MEC, na apresentação, repetiu reiteradas vezes que ele não gera desigualdades: repetindo uma mentira para virar uma verdade. Gera porque freia a democratização do acesso ao ensino superior;
6) O modelo chama-se “Future-se”. Poderia ser “Vire-se” e “Privatize-se”. A base foi Milton Friedman, segundo o MEC. Todas as políticas educacionais do mundo pensadas sob o trabalho desse autor fracassaram. Não há nada que indique que será diferente no Brasil;
7) O projeto do MEC falha em tentar alavancar a economia pela educação. O que alavanca a economia e a educação em conjunto é um projeto de desenvolvimento para o Brasil, algo impossível sob esse governo. Projeto exige articulação e planejamento;
8) Não sou contra startups. Mas não considero a roupagem millennial das “Pequenas e Médias Empresas” ‘O’ caminho. Doutorandos estão desempregados. Financiamento para novos negócios é bom, mas não é suficiente para destravar a economia. E o desemprego não é culpa dos doutores;
9) As Universidades brasileiras podem e devem fazer pesquisa aplicada, criar patentes, explorá-las. Inovação deve ser uma palavra resgatada do seu exílio utilitarista e virar um objetivo de pesquisa. O que não pode é fazer discurso leve para abandonar a educação superior pública;
10) Por último, o projeto freia a democratização das Universidades e cria meios de privatizar a gestão. Ajuda Bolsonaro a desconstruir um contrapeso ao seu governo, pois ataca a Ciência. “Future-se” pode ser um caminho para o pior Brasil desde 1889. Certamente é o pior desde 1988.

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