Escândalo das OSs na Paraíba: Secretária de Administração recebe nova voz de prisão
Livânia Farias é acusada de comprar casa e carros com propina desviada por meio da OS Cruz Vermelha
Não param de surgir novas informações sobre os desvios de dinheiro da saúde terceirizada do Estado da Paraíba, por meio de contratos de gestão com a organização social Cruz Vermelha. Nas mais recentes e escandalosas, está envolvido o nome da secretária de Administração do Estado, Livânia Farias.
Ela foi presa na semana passada depois de diversas denúncias de compra de imóveis e veículos com dinheiro de propina.
E nesta segunda (18), o juiz Adilson Fabrício manteve, durante audiência de custódia, a ex-gestora presa. Livânia também recebeu voz de prisão referente a um processo que, conforme noticiou o Portal Correio, corria em segredo de justiça. A ação é referente a uma caixa que teria sido entregue a ela com dinheiro de suposto esquema de propina da Cruz Vermelha.
A nova prisão preventiva foi decretada pelo desembargador Ricardo Vital, também solicitada pelo Ministério Público estadual referente a Operação Calvário I, que investiga o recebimento de propina pela Cruz Vermelha, responsável pela gestão do hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.
“O fundamento da prisão cautelar na garantia da ordem pública tem por objetivo, outrossim, e no caso, impedir que a denunciada continue delinquindo e, consequentemente, trazer proteção à própria comunidade, coletivamente valorada”, destacou o desembargador Ricardo Vital em sua decisão.
A ex-secretária ficará na 6ª Companhia da Polícia Militar, em Cabedelo. Também ficou determinada a proibição de visitas de qualquer pessoa que não sejam parentes de primeiro e segundo graus e dos advogados. Nenhuma autoridade política poderá visitá-la. Além disso, ela terá escolta feita apenas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A prisão
Livânia Farias foi presa na tarde do último sábado, no aeroporto Castro Pinto, na Grande João Pessoa, quando chegava de Belo Horizonte (MG), onde estava em viagem com a família. A ex-secretária é suspeita de corrupção por envolvimento no que o Ministério Público classifica como organização criminosa, envolvendo a Cruz Vermelha filial do Rio Grande do Sul, Organização Social que gerencia hospitais no Estado.
Após a prisão, a Justiça decretou o bloqueio de bens da ex-secretária, por meio de decisão que veio em conjunto com o mandado de prisão. Entre os bens bloqueados estão uma casa comprada no município de Sousa no valor de R$ 400 mil e um carro de luxo, uma BMW. Além disso, foi determinado o sequestro de todos os veículos que estiverem no nome da ex-gestora.
Após a prisão da ex-auxiliar, o Estado divulgou uma nota afirmando que a detenção “causou estranheza”. No mesmo texto, foi incluída uma carta assinada por Livânia, na qual ela pedia exoneração do cargo e afirmando ter sido “supreendida” com a decisão judicial.
Operação Calvário
As investigações da Operação Calvário são conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e pela Comissão de Combate aos Crimes de Responsabilidade e Improbidade Administrativa (CCRIMP), do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
A Operação Calvário apura a atuação de uma organização criminosa responsável por desviar R$ 1,1 bilhão a partir de fraudes em contratos firmados junto à unidades de saúde. Corrupção, lavagem de dinheiro e peculato estão entre os crimes praticados pela quadrilha.