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21/09/2018     nenhum comentário

Enfermeiras denunciam falta de medicamentos e insumos básicos em Hospital goiano terceirizado

Hospital de Urgências de Goiás é administrado pela organização social Instituto Gerir.

hugo

Falta de tudo no principal hospital de urgências de Goiás, o Hugo, em Goiânia. O equipamento estadual foi terceirizado pelo Governo para uma organização social, com a promessa de atingir níveis melhores de eficiência. A alegação foi de que o modelo de gestão é mais ágil porque a manutenção é menos burocrática.

Como sempre, a realidade se impõe e desmente os discursos dos políticos entusiastas da terceirização. O custeio é sempre mais alto com as organizações sociais (OSs), já que elas são entidades privadas, portanto atuam sob a ótica do lucro. Com a crise econômica, de arrecadação e com o congelamento do teto de gastos com saúde aprovado recentemente, manter em dia os altíssimos repasses para as terceirizadas é praticamente impossível. Assim, as OSs passam a restringir ainda mais o acesso, atrasam os salários já baixos dos funcionários, deixam faltar insumos básicos e assim por diante.

Depois, quando há a cobrança popular, dizem que não o que fazer. Estão aguardando a regularização dos repasses. Os governos também lavam as mãos, ao invés de reconhecer que a terceirização foi um ato irresponsável. Isso sem falar em outros efeitos nefastos, como os desvios de dinheiro para finalidades que nada têm a ver com a saúde, superfaturamento na compra de materiais etc.

No Hugo, conforme mostra o site Mais Goiás, a situação vem comprometendo o atendimento e provocando cancelamentos de cirurgias. Segundo os funcionários voltou a faltar  medicamentos e materiais básicos para o funcionamento da unidade e atendimento de pacientes. Luvas, gazes, dipirona, anestésicos pomadas para curativos, equipamentos para aplicação remédios estão com estoque baixo e/ou zerado desde a última segunda-feira (17). A comida para trabalhadores também está defasada e roupas de cama estão sendo racionadas.

“Está faltando o básico do básico. Simplesmente não tem materiais porque as empresas não recebem e não fornecem. Até dipirona está em falta, estamos em uma situação crítica”, conta uma enfermeira que não quis se identificar. Veja mais trechos da reportagem:

Segundo ela, também não há luvas suficientes. “Estamos sem luvas de procedimento e para não deixar o serviço parar usamos luvas cirúrgicas, estéreis, que são até 10 vezes mais caras que as comuns. Mesmo assim, a ordem é utilizar pouco. Por isso, estamos quebrando o protocolo e realizando alguns procedimentos, como aplicação de medicação, sem luva nenhuma.

Para a enfermeira, nada na unidade está funcionando como deveria. “Roupas de cama estão sendo racionadas, assim como a comida para funcionários. Estamos recebendo alimentação aquém do habitual e as pessoas já falam sobre a suspensão do benefício”.

Uma colega do setor de traumatologia confirma a denúncia. “Estamos fazendo curativo aqui só com soro e álcool, já que não temos gazes ou pomadas, como Dersani, que evitam que os curativos se colem aos ferimentos e possibilitam a recuperação do tecido lesionado”.

Quem precisar receber medicação na veia também pode ter problemas já que os equipamentos necessários para aplicação também estão zerados. “Estamos com dificuldades para realizar punções venosas, que é pegar uma veia para colocar medicamento. Além do soro, falta equipamentos como polifixo, canudo que leva soro para o braço do paciente, além de agulhas para essa finalidade”.

A profissional usa o mesmo termo utilizado pela colega acima para explicar a situação. “Falta o básico do básico. Conforme explica a profissional, esse é o “básico do básico”. “Se o paciente chega, ele tem que receber um acesso venoso ou não sabemos o que pode acontecer. Os pacientes estão sabendo que não tem materiais”.

Denúncias
Ao receber “inúmeras” denúncias anónimas sobre a atual condição do Hugo, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Flaviana Alves, enviou ofício ao titular da Secretaria de Estado da Saúde, Leonardo Vilela para cobrar uma solução.

“A falta de medicamentos e insumos no Hugo tem se tornado frequente. A SES respondeu que estão tomando providências para solucionar o problema. Mas essa é uma resposta vaga. Realmente há um repasse atrasado do Estado para a OS Gerir, responsável pela unidade. Terceirizados estavam sem receber até ontem e já planejavam paralisar o trabalho”.

Por meio de nota, a SES disse que as “questões devem ser direcionadas à OS responsável pela gestão da unidade”. Confira a íntegra da resposta enviada pelo Instituto Gerir:

“O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e o Instituto Gerir, organização social (OS) à frente da administração da unidade, informam que todos os procedimentos cirúrgicos estão sendo realizados normalmente e que estão somando esforços para regularizar o abastecimento de insumos, no sentido de garantir a assistência prestada aos pacientes. Somente nesta quarta-feira (19), 22 cirurgias estão programadas, além das urgências que chegam à unidade. A OS esclarece, ainda, que efetua o pagamento de seus colaboradores e prestadores de serviço conforme o cronograma de repasses da verba estadual. Em relação ao serviço de alimentação no Hugo, que funciona normalmente, o hospital informa que continua servindo aproximadamente 3 mil refeições por dia a pacientes, acompanhantes e colaboradores”.

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