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29/05/2017     nenhum comentário

Não há pediatras em PSs de Santos; na UPA número é insuficiente

Foi o que mostrou reportagem do Jornal A Tribuna, publicada na última sexta-feira (26)

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“Um dos maiores sofrimentos de quem é pai ou mãe é ver um filho doente. Essa situação fica ainda pior quando a busca por ajuda médica é feita na rede pública de saúde de Santos. O atendimento em pediatria em prontos-socorros é falho ou simplesmente não existe em determinados dias e horários”. Assim começa a reportagem do Jornal A Tribuna de Santos, publicada na última sexta-feira (26), pelo jornalista Maurício Martins.

Duas conclusões podem ser tiradas da matéria (leia a íntegra abaixo): as unidades de atendimento emergencial que atuam de forma direta (PS da Zona Leste e PS da Zona Noroeste) estão sucateadas. A unidade com gestão terceirizada (UPA Central, administrada pela FUABC) está consumindo recursos públicos sem prestar o serviço de forma satisfatória.

Segundo a reportagem, médicos dos PSs que estão sem pediatras dizem que quando uma criança é encaminhada para a UPA há ocasiões em que a unidade não aceita. E lá no prédio da Vila Mathias são apenas dois profissionais em atividade por plantão, o que é classificado como insuficiente.

O munícipe de Santos deve ler atentamente a matéria e correlacionar as informações do texto com a recente contratação emergencial de uma entidade terceirizada, por R$ 4,5 milhões, para atuar na área da Saúde da Família. O gasto desse dinheiro poderia ter sido evitado, se a Prefeitura se adequasse à uma lei federal que há anos estabelece a realização de concurso público para agentes comunitários de Saúde. A Prefeitura sabia que o contrato com a entidade estava por vencer, mas enrolou para tomar providências até que a celebração de outro contrato, em caráter emergencial, fosse inevitável.

Mais um desperdício de recurso enquanto as unidades públicas, com administração direta ou não, sofrem com poucos profissionais médicos.

A especialidade de pediatria é, sim, um problema pelo número de profissionais que tem diminuído a cada ano. Mas o problema é maior do que isso. Pelo menos em Santos, o problema é de incompetência da atual administração.

Leia abaixo a matéria na íntegra:

Prontos-socorros de Santos não têm pediatras

Atendimento na especialidade é falho nos atendimentos da Cidade; A Tribuna percorreu locais e confirmou problema

Um dos maiores sofrimentos de quem é pai ou mãe é ver um filho doente. Essa situação fica ainda pior quando a busca por ajuda médica é feita na rede pública de saúde de Santos. O atendimento em pediatria em prontos-socorros é falho ou simplesmente não existe em determinados dias e horários.

Esta semana, A Tribuna percorreu as unidades, conversou com médicos, outros funcionários e pacientes, constatando o problema. No pronto atendimento (PA) provisório da Zona Leste, um espaço improvisado na Avenida Afonso Pena, 382, no Embaré, não há plantão noturno fixo de pediatria há meses.

Quem chega ali é logo orientado a procurar outro local. “Vai lá na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Central, nem adianta chegar aqui à noite, não tem pediatra”, disse um funcionário, quando a Reportagem, sem se identificar, disse que precisava de socorro para uma criança. Em nenhum momento foi oferecido meio de transporte, embora uma ambulância fique na porta.

Durante o dia a situação no PA da Zona Leste melhora, mas está bem longe do ideal. O promotor de vendas Willian Mendes, de 28 anos, levou o sobrinho de pouco mais de um mês para ser atendido por volta das 13 horas da última segunda-feira. Com sinais de gripe, o bebê precisava de um pediatra. Também não conseguiu.

“Moro perto, fui na hora do almoço e mandaram a gente para a UPA (Central). Se ainda fosse com um adulto, que é mais forte, daria para relevar. Mas com uma criança de um mês é complicado. Não ter atendimento imediato é absurdo. Deus me livre se meu sobrinho tivesse com uma doença pior, precisando de urgência. É uma falta de respeito”, dispara Mendes.

ps-zl-atO Pronto Atendimento não tem médicos no período noturno e transporte para a UPA Central não foi oferecido à reportagem

Zona Noroeste

No pronto-socorro (PS) da Zona Noroeste, a população também enfrenta dificuldades. A Tribuna apurou que às sextas-feiras, sábados e segundas dificilmente há pediatras – principalmente à noite. E muitas vezes, em outros dias, fica apenas um profissional para atender número elevado de crianças. Como na noite em que a Reportagem este no local. “Tem só um médico, mas tem. O importante é isso. Demorar, demora mesmo”, afirmou um funcionário, ao ser questionado sobre a falta de mais profissionais.

“Estive aqui ontem e não tinha pediatra, voltei hoje (terça-feira) e tem um, o jeito é esperar. Estou há uma hora esperando, mas é sempre assim. Pelo menos, o atendimento do médico é bom, quando ele vem, né?”, disse uma mãe com a filha no colo. A menina tinha sintomas de gripe.

Outra mãe que esperava atendimento para o filho estava com menos paciência. “O negócio é fazer um barraco aqui, senão a gente morre esperando. Só funciona assim, sair gritando pelo médico, aí quem sabe apareceu um”, dizia ela em tom elevado para outras pessoas que aguardavam a consulta.

Médicos clínicos contaram para A Tribuna que são obrigados a atender as crianças. Alguns casos são graves e os médicos generalistas ficam receosos. Antes, eles colocavam a criança na ambulância e mandavam para a Santa Casa de Santos. Mas o hospital não aceita mais no período noturno.

“Teve caso de criança com parada (cardiorrespiratória), precisando entubar. Tivemos também alguns casos de criança de 1 ano e alguns meses e de recém-nascidos de 21 e 25 dias”, diz um médico.

Os clínicos lembram que as crianças não podem ser tratadas como adultos, já que medicamentos, dosagens e materiais usados devem ser diferentes e adaptados para a idade. Há riscos de que situações graves aconteçam e a chefia já teria sido comunicada.

Em nota, a Santa Casa confirma que “o atendimento em período noturno foi suspenso, com a anuência da Prefeitura, há cerca de 9 meses”. O hospital diz que a demanda era baixa à noite e que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central tem pediatria para receber esses pacientes.

“O Serviço de Pediatria da Santa Casa de Santos permanece com atendimento de emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no período das 7 às 19 horas”.

Porém, nem mesmo a UPA está aceitando as crianças, dizem os clínicos que atuam na Zona Noroeste.

UPA Central

A UPA Central, cuja gestão é terceirizada e de responsabilidade da organização social (OS) Fundação do ABC, tem pediatras, conforme a Reportagem constatou no local, por mais de uma vez.

Porém, ficam apenas dois especialistas por plantão, o que é insuficiente para atender a demanda. Isso porque o espaço recebe crianças de toda a Baixada Santista e fica ainda mais superlotado com o encaminhamento de pacientes do PA provisório da Zona Leste e do PS da Zona Noroeste.

Em dias mais cheios, a espera passa de 1h30 e um exame de sangue pode demorar até 4 horas para ficar pronto na UPA Central. Diferentemente do divulgado pela Prefeitura, que afirma não ter problemas na demanda por pediatria nessa unidade.

Prefeitura promete concurso

A Prefeitura de Santos promete iniciar, em 40 dias, um novo concurso público para a contratação de mais pediatras. A afirmação é do secretário de Saúde, Fábio Ferraz, que ainda planeja aumentar a gratificação para médicos que trabalharem em escalas extras dentro da rede municipal.

“Os plantões médicos podem contar com extensão de carga horária. Estamos conversando para melhorar a gratificação por plantão, desde que o profissional tenha plena assiduidade (não falte)”, diz Ferraz, acrescentando que a medida deve entrar em vigor em 15 dias.

Segundo ele, atualmente 41 pediatras atuam no pronto atendimento: 9 na Zona Noroeste, 4 na Zona Leste e 28 na UPA Central. “Não é um número ruim, o problema é que atendemos a demanda regional”.

O secretário admite que a unidade da Zona Leste está sem pediatra à noite, mas diz que há serviço de transporte para a UPA Central. “Temos vans que fazem locomoção de uma em uma hora para outros equipamentos, esse serviço de mobilidade está funcionando”. Informado que não foi oferecido o transporte à Reportagem, Ferraz disse que tomaria providências.

O secretário garante que a UPA Central tem, em média, 100 atendimentos pediátricos por dia, o que representa 16% da demanda na unidade.

“Em dia normal, não temos dificuldades de atendimento. Acontecem situações (de superlotação) pontuais. Em condições normais, o tempo de espera não supera 20 ou 30 minutos”.

O secretário afirma que o quadro de pediatras está completo na Zona Noroeste, mas que podem ocorrer faltas. “Nesses casos o atendimento pode ser realizado pelos clínicos”.

Em situações urgentes, diz Ferraz, a Prefeitura transporta para outras unidades, inclusive para a Santa Casa. “Não tenho informação de negativa de atendimento da Santa Casa”. Segundo ele, o paciente é atendido pela central de regulação de vagas. Porém, o secretário não explicou por que a Prefeitura concordou com a Santa Casa não receber mais na porta à noite.

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