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09/01/2020     nenhum comentário

Em Hospital terceirizado, políticos usavam poder para furar fila e beneficiar eleitores

Informação foi passada por um dos delatores da Operação Calvário, que desmascarou a farra das organizações sociais na Paraíba

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Mais informações vazadas das delações dentro da Operação Calvário, na Paraíba, desnudam a podridão que a terceirização via organizações sociais (OSs) planta no serviço público.

O ex-dirigente da organização social Cruz Vermelha, que administrava o Hospital de Trauma de João Pessoa, Daniel Gomes, apontou durante delação premiada ao Ministério Público da Paraíba (MPP) que políticos usavam os cargos que ocupavam para beneficiar eleitores com atendimento na área da saúde. De acordo com ele, os pacientes indicados pelo grupo eram atendidos antes dos que estavam em filas de espera.

Em um trecho da colaboração, Daniel afirmou que a secretaria do Hospital de Trauma de João Pessoa possuía uma lista de pessoas que eram atendidas por demanda dos políticos da base do governo.

Segundo o delator, em 2017, a então secretária de saúde da Paraíba, Cláudia Veras, implementou uma mudança no procedimento e solicitou que todas as demandas passassem pela avaliação prévia dela com a finalidade de estabelecer um equilíbrio no atendimento aos pedidos dos políticos da base do governo.

A partir da mudança, os atendimentos prioritários foram encaminhados para o Hospital de Trauma. Daniel disse que essa triagem não era seguida por alguns parlamentares, que procuravam o superintendente da Cruz Vermelha Brasileira para conseguir os atendimentos diretos.

O advogado de defesa da ex-secretária de saúde, Cláudia Veras, disse não ter conhecimento sobre a delação e que ainda não teve acesso aos vídeos , mesmo tendo solicitado à Justiça.

Ainda na colaboração, ele contou que o centro de imagem do Hospital de Trauma tinha gastos extras para dar conta da demanda externa da unidade. O local, inicialmente projetado para atender aos pacientes internados no hospital, passou a receber diversos pacientes externos, que faziam os exames e davam continuidade ao tratamento em outro local.

Hospital de Santa Rita

Daniel Gomes contou que o Hospital Metropolitano de Santa Rita foi projetado para receber apenas pacientes de outras unidades de saúde da Paraíba e necessitava de regulação junto à Secretaria de Estado de Saúde e à rede pública de saúde do estado.

Para beneficiar pacientes indicados por políticos, ele disse que Ricardo Coutinho adiou a regularização da unidade de saúde por cerca de seis meses, com a justificativa de que o hospital estava em fase de treinamento.

No período eleitoral de 2018, foram atendidas, em média, cerca de 30 mil pessoas, no Hospital Metropolitano de Santa Rita.

Auditoria

As informações cada vez mais escabrosas sobre o modus operandi das OSs e dos agentes públicos que integravam o esquema provoca reações no atual governo da Paraíba.

A Secretaria de Saúde do Governo da Paraíba decidiu que os contratos de gestão firmados com as Organizações Sociais que nos últimos oito anos administraram o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, de João Pessoa, vão passar por uma auditoria interna.

Uma portaria publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (9) instaura uma comissão, intitulada Tomada de Contas Especial, que tem justamente a missão de investigar a questão.

De acordo com a portaria, o objetivo da comissão é apurar eventuais irregularidades, identificar os responsáveis e, se for o caso, quantificar o dano e obter o ressarcimento dos valores desviados de volta ao erário.

As OSs que serão alvo das investigações são a Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul, que geriu o hospital de 2011 a julho de 2019; e a Acqua – Ação, Cidadania, Qualidade, Urbana e Ambiental, que assumiu o hospital de forma emergencial em 16 de julho de 2019, já depois das investigações da Operação Calvário, que investigavam justamente casos de corrupção envolvendo esses contratos.

No caso da Acqua, o contrato acabou sendo revogado em 29 de dezembro do mesmo ano, quando o Governo iniciou a intervenção nos hospitais públicos estaduais.

Na mesma edição do DOE, um decreto do Poder Executivo determina a prorrogação da intervenção do Governo no gerenciamento, operacionalização e oferta de ações e serviços de saúde no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, de Santa Rita, que também teve contratos de gestão com OSs revogados recentemente.

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