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20/11/2019     nenhum comentário

Com SPDM no comando há dez meses, UPA da Zona Noroeste piora a cada dia

Demora, ineficiência, falta de estrutura para casos complexos são principais queixas

 

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Há quase 11 meses à frente da gestão da UPA da Zona Noroeste, a Sociedade Paulista para o Exercício da Medicina (SPDM) não consegue baixar o alto índice de insatisfação dos usuários.

Eles continuam reprovando o serviço. Citam como principais problemas o tempo cada vez maior de espera para conseguir uma consulta e o atendimento superficial por parte dos clínicos. Também aparecem entre as queixas os relatos sobre desorganização no sistema de senhas e a reduzida quantidade de funcionários nos plantões.

A organização social SPDM – a mesma que atua no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande – é detentora de uma reputação bastante comprometida, com denúncias de suspeitas de irregularidades cometidas com dinheiro público e questionamentos quanto à qualidade nos atendimentos nas cidades onde atua.

É importante lembrar que no início do ano o Conselho Municipal de Saúde de Santos (CMSS) reprovou a terceirização da gestão da UPA da Zona Noroeste para a SPDM. Um parecer produzido pela Comissão Mista de Fiscalização e Orçamento e Finanças apontou que houve irregularidades na autorização para a terceirização da unidade e no chamamento público para definição da gestora.

Conforme o então coordenador da Comissão, o ex primeiro-secretário do Conselho, Milton Marcelo Hahn, a Prefeitura fez a publicização (transferência da gestão de serviço público para entidade privada) da UPA sem consentimento dos conselheiros.

Segundo o autor do relatório, o Conselho não teve representantes nas comissões de publicização e seleção da Secretaria de Saúde, o que também configura ilegalidade, visto que o órgão é deliberativo e deveria participar de todo o processo.

Alheia aos bastidores que envolvem a entrada da OS na rede de urgência e emergência santista, a dona de casa Mariana Sambugaro Franchi Piloni conta um pouco do martírio que é depender da UPA.

Na última segunda-feira (18), ela disse ao Ataque aos Cofres Públicos que chegou às 13 horas na unidade e já estava esperando há três horas. “Não tem previsão de quando vão me chamar. No antigo Pronto-Socorro demorava um pouco, mas não assim. E o atendimento era muito melhor. Ganhei meus três filhos na maternidade ao lado do PS e só tenho a agradecer o cuidado dos servidores. Os médicos super cuidadosos. Não entendi porque estão mudando a saúde, colocando empresas que a gente não conhece e não tem nem onde reclamar”, contou.

Falta de vagas

Já a autônoma Fabíola Gonçalves relata o drama de seu irmão. Ele está na UPA há 6 dias, com enfisema pulmonar. Chegou com insuficiência cardíaca e muito debilitado. Precisa urgentemente de uma vaga de internação para obter tratamento adequado.

“Não tem previsão de quando será feita a transferência. Eles só dizem que não tem vaga. Ele teve piora e já pegou até uma infecção hospitalar aqui na UPA. Do jeito que ele está temos medo de uma piora. Essa unidade não tem estrutura”, conta.

Mais detalhes nos depoimentos abaixo:

 

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“Já estamos há 3 horas esperando e nada. Não dão previsão. A minha filha está com dores e fazem pouco caso. Já chamaram números mais baixos, mais altos e nunca chega o nosso. Não concordo com essa humilhação. A gente depende disso, se pudéssemos pagar um plano não estaríamos aqui. Já vim várias vezes é sempre essa porcaria. Os médicos não atendem direito, fazem deboche com a cara da gente. As pessoas ficam jogadas. Era muito melhor quando era o antigo Pronto-Socorro. Terceirizou, piorou. E o prefeito fala que a saúde está em primeiro lugar. É mentira”.

Maria Ivani Prado, aposentada

 

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“Eu evito vir aqui justamente por causa da demora, da desorganização que é. Essas pulseirinhas de classificação de risco são uma injustiça. A gente, que também está ruim, fica três, quatro, cinco horas aguardando. Colocam poucos médicos. Deveria ser como era no antigo PS, por ordem de chegada. No PS o atendimento demorava bem menos do que aqui, que é uma outra empresa que presta serviço. Não está dando certo deste jeito. São funcionários despreparados, que acabam não prestando atendimento adequado. O recado que eu dou aos vereadores é que eles venham passar um dia aqui para verem como é”.

Eliane de Souza Sales, operadora de vendas

 

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“Meu irmão está desde quinta-feira (14/11) na UPA da ZN, são quatro dias à espera de uma vaga de internação que nunca sai. Ele tem enfisema pulmonar e chegou aqui com insuficiência cardíaca e princípio de parada cardíaca. Na UPA não tem a estrutura que ele precisa. Alegam que a gente tem que esperar. Nosso temor é que a situação se agrave. Aqui ele já teve uma piora e não tem estrutura que comporte o caso dele. É um entra e sai e ele acabou pegando infecção. Teria que ficar no isolamento e não está. Essa unidade não tem condições. Desculpe o prefeito, mas a mudança na saúde não está melhorando nada. Todos os dias que eu venho na UPA vejo a recepção lotada e muita demora o atendimento. É um descaso. Pagamos impostos para quê? É melhor como era antes, o antigo Pronto-Socorro”.

Fabíola Cristina Gonçalves, autônoma

 

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“Tá um problema sério a marcação de consultas para especialista. Já na UPA tem essa demora para atendimento. Passei com meu filho no neurologista, que deu um remédio controlado. O remédio está acabando, precisamos voltar para pegar uma nova receita e simplesmente não consigo marcar consulta no 0800 e nos telefones fixos que eles me passaram no Ambesp. Não atende, ou dá que o telefone não existe, ou dá ocupado. Tenho registrado aqui a quantidade de vezes que liguei. Outras pessoas também estão com problema. Hoje mesmo fui no Ambesp e tinham pacientes reclamando da mesma situação. E a UPA tá ruim. Outro dia tinha um cadeirante aqui pegando assinaturas para um abaixo-assinado pela melhora da administração da UPA da ZN. Ele tinha uma das pernas amputada. Eu não vejo melhora nas UPAs depois que terceirizaram. O prefeito disse que está melhor, mas o povo não concorda. Só está consumindo dinheiro. Depois essas empresas aparecem na Lava Jato e vão dizer que é perseguição política”.

Luiz Claudio de Melo, soldador

 

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