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03/10/2016     nenhum comentário

Atendimento deficiente continua na UPA Central

Enquanto na propaganda a UPA é exemplo investimento na saúde, para quem precisa do serviço falta muito pro atendimento ser decente.

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O Projeto Ataque aos Cofres Públicos continua mostrando a realidade na UPA Central de Santos, a primeira unidade municipal terceirizada para organização social das muitas que o governo reeleito neste domingo pretende entregar neste segundo mandato.

Por meio de uma Ouvidoria Popular móvel, estamos ouvindo dos pacientes e familiares como é o atendimento no dia a dia. Nos últimos dias tivemos mais confirmações de que apesar das instalações físicas da UPA encherem os olhos na propaganda eleitoral, naquilo que é essencial – o atendimento – ainda existem muitos problemas.

No último dia 23, na parte da tarde, a espera por atendimento chegou a 4 horas para as pessoas que recebiam selo azul de classificação de risco, indicação dada a casos de menor gravidade.

Na listagem de médicos que estavam trabalhando no plantão apareciam 11 nomes, mas uma das enfermeiras, ao ser questionada sobre a demora, indicou que três consultórios estavam ativos. Ela não soube responder onde estavam os demais profissionais, dizendo apenas que deveriam estar atendendo casos que chegam de ambulância.

No último dia 29, a ouvidoria também coletou queixas. Na maioria dos casos, a espera era de cerca de três horas. No entanto, a qualidade do atendimento gerou insatisfação.

Uma cuidadora que não quis se identificar disse que chegou na UPA por volta de 11h com o marido que tem histórico de dois infartos. O paciente estava com diarreia e debilitado. Por volta das 15 horas ele ainda não tinha sido submetido a um eletrocardiograma, mesmo a esposa pedindo.

“Ele estava muito pálido. Já teve dois infartos. Sempre que ele passava mal eu o levava o antigo PS, onde passava por eletro. Como não tem mais o PS, eu trouxe ele aqui. Mas se espera muito tempo para passar pela triagem. Eu perguntei porque ele tinha que aguardar tanto se estava mal. A enfermeira disse que o estado de saúde dele não era grave. E que atendimento rápido só para emergências. Aí meu marido perguntou se eles esperam a pessoa desmaiar para atender mais rápido. Resultado: demoraram bastante e a pressão dele estava muito ruim”.

Quando finalmente o paciente passou pela consulta, o médico colocou o nome de outra pessoa na ficha. Arrumado o erro, ele foi encaminhado para o soro. E nada de eletro, para desespero da esposa, que trouxe os documentos com a história médica do companheiro. Ela conta que o material não foi levado em conta.

“Quando eu ia no outro PS e ele apresentava os mesmos sintomas, os funcionários já passavam ele na frente e faziam o eletro e exame de sangue. Uma vez chegou até a ficar internado dois meses porque estava em princípio de enfarto. Mas aqui eles estão tratando como uma virose. Não pediram nenhum exame. Só deram soro com dramin e buscopan. Poderiam olhar o histórico do paciente. Se ele já teve dois infartos, está dizendo que está com os mesmos sintomas (ânsia de vômito, disenteria, dor no braço) o certo era pedir um eletro e exame de sangue. A UPA é muito bonita, mas o atendimento deixa a desejar”, conclui a cuidadora.

Quem também saiu nervosa e frustrada da UPA na última quinta-feira foi Paula Menezes. Ela conta que começou a passar mal e a ficar com visão turva. Foi levada às pressas para a UPA e pediu para ser logo atendida.

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“Disseram que não poderia ser atendida de imediato. Mandaram pegar uma senha e esperar. Perguntei onde era o setor de emergência e fui direto. Disse que não estava bem, continuava com a visão turva e que precisava que verificassem minha glicose. É que isso já aconteceu comi- go e era a glicose que estava muito baixa”.

Paula Menezes Paula contou que na urgência mediram a pressão, descobriram que estava alta, e a encaminharam pra o salão de espera novamente. “A pressão estava 16 por 9. Mesmo assim me mandaram de volta para o balcão e pediram para que tirasse uma nova ficha e ficasse aguardando. Quando o balcão me chamou tive que aguardar ainda mais pelo médico. Eu disse que estava mal, que precisava que alguém me atendesse, mas disseram que não tinha jeito, tinha que esperar e que não tinha previsão de quanto tempo demoraria para me chamarem”.

Indignada, Paula pediu para a amiga levá-la a outro PS. “Não consegui atendimento. É muito descaso, falta de respeito. Se eu estou dizendo que estou mal e eles viram que a pressão está alta, é sinal de perigo. O mínimo era ter uma avaliação médica inicial. É assim que eles fazem na unidade da Afonso Pena. O nome da UPA é Unidade de Pronto Atendimento, mas na verdade é Unidade de Pronta Roubalheira, isso sim.”.

Para Luci Carvalho, o atendimento para clínico geral adulto é o pior.

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“Você não passa pelo médico em menos de 5 horas. Já aconteceu comigo duas vezes. Se você não chegar morrendo, fica mais de 5 horas. Uma vez eu estava com tontura e muita dor de cabeça e me classificaram como um caso normal, aí passa todo mundo na frente e você não é atendida. Acho certa a classificação de risco, mas poderia haver mais gente atendendo para agilizar. Já cheguei a ficar esperando sete horas e desisti. Fui para casa com muita dor e sem atendimento porque não aguentava mais. Tá péssimo”.

UPA não faz ultrassonografias como determina o contrato de gestão

No contrato de gestão da UPA Central, firmado por R$ 19,1 milhões por ano entre a Organização Social Fundação do ABC e a Prefeitura de Santos, consta que é dever da contratada oferecer, entre outros exames, o exame de ultrassonografia.

No item 2.1.4 do Plano Operativo do contrato consta que “a UPA deve prestar apoio diagnóstico por imagem e exames laboratoriais nas 24 horas do dia, de acordo com suas necessidades clínicas para investigação diagnóstica, devendo disponibilizar os seguintes serviços: Eletrocardiograma, Raio X, exames laboratoriais para diagnóstico e conduta e emergência e ultrassonografia”.

No item 3.1, onde são relacionados os equipamentos que devem ser disponibilizados pela contratada, também está incluso o ultrassom. No entanto, os pacientes que precisam desse tipo de exame, não conseguem fazê-lo na UPA.

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Ao entrar em contato telefônico perguntando sobre a realização deste tipo de exame, a unidade responde negativamente e ainda informa que não há previsão para que o serviço seja implantado. Nas redes sociais os usuários também reclamam. Há quem tenha saído da unidade sem conseguir medir a pressão.

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No discurso de inauguração da UPA, as autoridades ressaltaram que chegada das OSs marcariam uma nova era na Saúde, com atendimento de excelência e mais humanizado. É o que diz a propaganda do Prefeito. Os fatos mostram que a realidade é bem diferente.

dlouvidoria03-09-2016

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