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11/05/2017     nenhum comentário

A Tribuna mostra: gestantes denunciam práticas no Hospital dos Estivadores

Entre as reclamações estão: bebê com clavícula quebrada, gaze esquecida em paciente e mulher em trabalho de parto liberada da unidade

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Para além da propaganda que a Prefeitura faz no Diário Oficial e na internet, o Hospital dos Estivadores de Santos, terceirizado pela Organização Social Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, tem sido alvo de denúncias de problemas na maternidade.

Condutas médicas têm sido questionadas pelas parturientes e agora uma reportagem do Jornal A Tribuna resolveu dar espaço para as pacientes falarem de suas experiências negativas no equipamento.

Abaixo, a matéria de Matheus Müller, na íntegra:

Duas gestantes atendidas pelo recém-inaugurado Hospital dos Estivadores, em Santos, relataram seus traumas com o serviço prestado na unidade. Uma foi enviada para casa com quadro de infecção urinária e 40 minutos depois teve a filha na escadaria do prédio em que mora; a outra paciente teve um rolo de gaze esquecida dentro do corpo e a bebê com a clavícula quebrada – decorrência do procedimento.

A maternidade foi aberta em 2 de fevereiro e é a única ala até o momento em operação. Neste mesmo mês, mais precisamente no dia 10, a assistente administrativa Kamilla Flórido deu entrada no hospital para ganhar Sofia, que hoje completa três meses. A experiência vivida por ela no parto, porém não foi das melhores.

“Induziram meu parto até o final para que fosse normal. A minha bebê era grande e eu não tinha a dilatação suficiente para a passagem. A Sofia ficou presa e roxa por falta de ar. O médico precisou fazer um corte para a retirada da minha filha, que teve a clavícula quebrada durante o procedimento”, conta.

Mas, segundo Kamilla, esse foi apenas o começo dos problemas. Ela explica que o trauma nos ossos da filha só foi notado no quinto dia, quando seriam liberadas a ir para casa.

“Ficamos cinco dias no hospital e nenhum médico notou a clavícula quebrada. Todo dia tinha um plantonista diferente e nenhum examinou a recém-nascida. Eles sequer tiraram a roupinha dela. A pediatra que foi dar alta é perguntou se eu tinha percebido o ombro deslocado e pediu exames”, diz.

Kamilla relembra que a diretora da unidade de saúde disse que essa é uma situação que pode ocorrer durante um parto, mas não encaminho a menina para um ortopedista. “A pediatra fez a radiografia por conta própria e me orientou a procurar outro hospital”.

Com a bebê fazendo acompanhamento com um especialista no trauma da clavícula em outro hospital, a mãe decidiu procurar a médica que a atendeu durante todo o pré-natal, em um posto de saúde no bairro Aparecida, em Santos.

“Era o oitavo dia pós-parto e a enfermeira me perguntou se eu tinha feito cesária, porque estava andando com dificuldade. Expliquei que não e ao me examinarem notaram que tinham esquecido gaze em mim”, diz.

A paciente teve o item removido e foi medicada com antibióticos para evitar uma possível infecção, além disso teve que suspender a amamentação. “Relatei o ocorrido à assistente social, mas ela não sabia qual procedimento adotar. Estavam perdidos. Pedi (na policlínica um encaminhamento para psicóloga pelo trauma e não liberaram o acompanhamento”.

Kamilla garantiu que vai procurar um advogado para saber quais ações poderá adotar. Ela conta, também, que durante o pré-natal, realizado no posto de saúde da Aparecida, não teve acesso às vitaminas e nem aos ultrassons. “Paguei tudo do meu bolso”.

Parto na escada

Outro caso aconteceu no dia 25 de abril, com Radharani Cecília Carvalho Gonçalves. O nascimento da sua filha Niyah não foi nada convencional. Liberada do Hospital dos Estivadores com um quadro de infecção urinária, ela teve a criança na escadaria do prédio em que mora, no bairro Pompéia, em Santos.

A paciente diz que os profissionais não se atentaram ao quadro apresentado. “Estava com pré-eclâmpsia (pressão alta e proteína na urina). Antes também cheguei a ficar internada por 20 dias no Hospital Silvério Fontes por ter passado mal e cinco dias no Hospital Guilherme Álvaro (HGA) após ter perdido o tampão (sinal de que o colo do útero se prepara para o parto)”.

Radharani deixou o HGA no dia 24 e no dia 25 estava no Hospital dos Estivadores com contrações em curto espaço de tempo.

“Estava preocupada porque estava saindo um pouco de líquido. Enquanto esperava os exames, as contrações começaram a acontecer a cada três ou cinco minutos. Os resultados dos exames de urina, ultrassom e dos batimentos do bebê acusaram apenas a infecção urinária. Me deram Buscopan na veia e falaram para a minha mãe me levar para casa”.

A orientação foi seguida, apesar das dores e contrações. O trajeto da unidade de saúde até a casa da gestante levou cerca de 30 minutos. “Quando cheguei ao apartamento tive um sangramento. Decidimos voltar para o hospital mas nas escadas a minha filha nasceu com a ajuda da minha mãe e de duas vizinhas”.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e levou Radharani e a recém-nascida para o Hospital Silvério Fontes, onde foi retirada a bolsa.

“A minha filha agora está bem, mas estava sem proteína e pegou uma infecção. Minha mãe foi até o Hospital dos Estivados alertá-los do erro e abriu uma reclamação. Até agora não tivemos nenhuma resposta”, reclama.

Tudo em ordem

Em nota, o Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, responsável pela gestão do Hospital dos Estivadores, informa que as pacientes Radharani Cecília Carvalho Gonçalves e Kamilla Florido foram atendidas de acordo com o “Modelo Assistencial de excelência adotado pela Instituição, que é focado no acolhimento, cuidado integrado e segurança do paciente”.

O órgão relata que Radharani deu entrada no Pronto Atendimento às 10h56 do dia 25 de abril e às 16h30 deixou o local, desrespeitando as orientações das equipes médicas e assistenciais responsáveis pelo atendimento.

Com relação ao caso da paciente Kamilla, que deu à luz no dia 10 de fevereiro, às 6h40, o instituto explica que tanto a mãe quanto o bebê receberam toda a assistência hospitalar multiprofissional necessária e tiveram alta no dia 14 do mesmo mês, às 15h30.

O Hospital afirma ainda que, respeitando o sigilo médico, previsto no Código de Ética Médica, só pode fornecer informações a respeito das condutas e procedimentos realizados na unidade hospitalar aos pacientes ou aos seus representantes legais.

Resposta da Prefeitura

A Administração Municipal, por sua vez, informa que entrou em contato com Kamilla para obter mais informações e abriu um processo interno para averiguar os fatos junto ao Instituto Oswaldo Cruz.

A Secretaria de Saúde de Santos informa que a paciente teve o acompanhamento de pré-natal, com a realização de 12 consultas na Policlínica da Aparecida, além de duas avaliações no Instituto da Mulher. Também realizou ultrassom na rede e recebeu as vitaminas padronizadas sulfato ferroso e ácido fólico.

 

Gestão do Instituto contraria a lei municipal

Como já explicamos aqui no Ataque aos Cofres Públicos,  a OS Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz não deveria estar gerindo o HES pelo simples fato de contrariar a legislação municipal, que prevê uma experiência de no mínimo três anos atuando junto ao serviço público para que entidades celebrem contratos como a administração.

Entenda melhor lendo as matérias já publicadas sobre o assunto.

Terceirização dos Estivadores pela Prefeitura contraria lei municipal

Justiça concede liminar que suspende contrato de OS para Hospital dos Estivadores de Santos

Procuradoria-Geral aponta ilegalidade no contrato de gestão do Hospital dos Estivadores

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